O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Pela lógica simples, era de se esperar que o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Liberal (PL), que abrigam o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro, sequer cogitassem aproximação nas eleições municipais de 2024, especialmente depois da ultra polarização vista em 2022. Pois é.
Na última quarta-feira (30), a cúpula nacional do PT divulgou documento em que autoriza alianças pontuais com o PL em municípios onde houver interesses convergentes. É o caso de algumas cidades no Rio de Janeiro, conforme noticiou o jornal O Globo.
No Rio Grande do Sul, se depender dos presidentes estaduais de PT e PL, não tem conversa. Ainda na quinta-feira (31), a possível aproximação gerou reação imediata do cacique regional do PL, deputado Giovani Cherini, que proibiu qualquer aliança com petistas.
— Eu, como presidente estadual do Partido Liberal, já encaminhei através da nossa comissão, do partido, proibindo qualquer coligação com o PT no Rio Grande do Sul. Não tenho nada contra as pessoas, tenho contra o projeto político — discursou, acrescentando que irá sugerir ao presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, que estenda o veto a todo o país.
Nesta sexta-feira (1º), em nota enviada à coluna, a presidente estadual do PT, Juçara Dutra Vieira, rebateu Cherini no mesmo tom: o partido é contra alianças com candidatos identificados "com o projeto bolsonarista", afirmou.
"É infundada a manifestação do deputado Giovani Cherini proibindo seu partido de fazer aliança com o PT em 2024, já que nosso partido nunca propôs, e sequer cogita essa hipótese", diz a nota.
Questionada pela coluna, a assessoria de Juçara explicou que o veto a bolsonaristas não abrange apenas o PL, mas também os candidatos de outros partidos próximos ao ex-presidente.