Das duas agendas relevantes do presidente Lula em Nova York, nesta quarta-feira (20), não há dúvida de que o encontro mais importante foi com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, embora sem o apelo de uma reunião com o líder ucraniano Volodimir Zelensky. Lula bem que gostaria de ser o mediador do fim do conflito, mas perdeu as condições na largada, quando tratou a invasão da Ucrânia pela Rússia como uma guerra em que cada um tem 50% de culpa.
O presidente brasileiro trocou os pés pelas mãos nas primeiras manifestações sobre a guerra e nunca fez uma condenação veemente à Rússia pela invasão. É uma amnésia conveniente, como é o “esquecimento” da Nicarágua quando fala em ditaduras e regimes de força. Zelensky não aplaudiu Lula na assembleia-geral da ONU porque sabe a simbologia que teria bater palmas, mesmo que de maneira protocolar.
Com Biden, o encontro é importante não só para as pretensões de Lula de colocar o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, mas, principalmente, para as relações comerciais entre os dois países.
O Brasil precisa fortalecer o comércio com os Estados Unidos e reforçar os laços diplomáticos, o que interessa aos dois países. Para os Estados Unidos é importante manter uma relação robusta com o Brasil, ainda mais neste momento em que a China avança e ameaça ultrapassá-los como primeira economia do mundo.
Desde a sua criação, o PT sempre teve um certo ranço com os Estados Unidos, herança da guerra fria. Pragmático, Lula percebeu já no primeiro mandato que teria de buscar a aproximação. Encontrou terreno fértil com Barack Obama no poder. No governo de Donald Trump, o PT estava na oposição e, portanto, não precisou interagir com o republicano. Agora, com Trump podendo voltar ao poder na próxima eleição, o caminho é celebrar acordos que transcendam os governos.
Aliás
O pacto para melhorar as condições dos trabalhadores informais ou precarizados, anunciado por Lula e Biden, soa como carta de intenções. São países muito diferentes, com culturas e legislações diversas (incluindo a trabalhista). As chances de o acordo produzir resultados concretos são remotas.