Coube ao repórter André Malinovski, de GZH, transmitir pela Rádio Gaúcha o primeiro relato da situação em Roca Sales, na manhã desta quarta-feira. De Teutônia, para onde se deslocou porque Roca Sales estava sem sinal de internet, Malinowski fez uma descrição que emocionou os ouvintes da Gaúcha e os colegas de trabalho.
— As pessoas vagueiam pelas ruas sem saber o que fazer ou a quem recorrer. Muitos choram em frente aos terrenos onde antes ficavam suas moradias.
Essas palavras, somadas aos relatos dos jornalistas Leandro Staudt e Paulo Germano, que estavam em Lajeado, despertaram uma onda de solidariedade, com pessoas de diferentes pontos do Estados querendo saber como ajudar. O verbo “ajudar” será pelas próximas semanas um dos mais usados nos vales dos rios Taquari, Caí e Jacuí. Porque a situação de calamidade pública não é apenas um conceito jurídico para destravar a burocracia e facilitar a liberação de recursos e a compra de equipamentos e produtos para uso emergencial.
É uma calamidade pública o que os repórteres viram nesta quarta-feira em Roca Sales, Muçum e Lajeado. Por isso, o que está se vendo no Rio Grande do Sul neste momento de consternação é uma união de forças poucas vezes vista. O governo do Estado mobilizou suas forças desde segunda-feira, mas viu que elas são insuficientes e pediu socorro ao Comando Militar do Sul.
O governo federal, a despeito da ausência do presidente Lula no cenário do desastre, garantiu os recursos necessários e mandou dois ministros e o chefe da Defesa Civil para sobrevoarem as áreas atingidas e levantarem as necessidades de ajuda. Paulo Pimenta e Waldez Góes sobrevoaram Muçum e Roca Sales acompanhados do governador Eduardo Leite como membros de uma força-tarefa que se formou sem olhar para partidos ou pretensões eleitorais.
Nesta tarde, os chefes dos poderes, mais os representantes do Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunal de Contas estão reunidos para montar uma força-tarefa e definir o que cada um pode fazer para ajudar os moradores das cidades afetadas.
Em um momento como esse, também não importa o partido do prefeito, nem quem venceu as eleições no município. Está em jogo um bem maior, que deve ficar acima das divergências políticas: a vida.
Dezenas de pessoas foram salvas pelos helicópteros da Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal e Força Aérea Brasileira. Se mais helicópteros estivessem à disposição do governo do Estado, mais vidas poderiam ter sido salvas. E aqui é preciso registrar, como lição para o caso de ocorrer um novo evento climático extremo, que é preciso ser mais ágil.
As Forças Armadas deveriam ter entrado em cena antes, com seus equipamentos, seus homens e sua expertise. O Brasil não está em guerra. Pode mobilizar suas tropas para salvar vidas. E mobilizou, mas com certo atraso, porque quando alguém está pendurado em uma árvore ou abrigado no telhado de uma casa, cada minuto é uma eternidade.
Direto de Roca Sales
A apresentação do Jornal do Almoço direto de Roca Sales, com a apresentadora Cristina Ranzolin driblando as dificuldades técnicas para mostrar, ao vivo, um dos cenários da tragédia, foi outro momento emocionante.
Cristina disse que muitas vezes pede doações, mas desta vez estava implorando por ajuda, porque Roca Sales não tem mais uma loja, uma farmácia, um restaurante. As pessoas que trabalhavam na cidade perderam a casa e o emprego. Ainda é indefinido o número de pessoas que perderam a vida.
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