Nem o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto cedeu, nem foi a pressão do presidente Lula a responsável pelo corte da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, caindo de 13,75% para 13,25%. O juro finalmente caiu porque se criaram as condições para que o Copom desse esse passo.
Lula, é verdade, estimulou os setores produtivos a pressionarem pela redução da taxa de juro porque sabia que isso criaria uma onda favorável. Mas, por maior que fosse a pressão, o Banco Central não iria cortar o juro se a inflação estivesse em disparada e o clima sobre o futuro fosse de incerteza.
Lula, que não nasceu ontem, sabia que brigar com o presidente do Banco Central lhe daria popularidade, já que só os analistas econômicos conseguem explicar a lógica de ter um juro real pornográfico como é o do Brasil. O cidadão comum não entende, os empresários estão com a corda no pescoço e até a oposição reconhece que estava na hora de cortar.
Campos Neto fez valer a independência do Banco Central e resistiu enquanto achou que o cenário não estava maduro para cortar a Selic nem nos míseros 0,25 ponto que muita gente esperava para a reunião passada do Copom. Não por birra, mas por convicção. Nesse jogo ninguém é amador.
Agora, o presidente do Banco Central foi coerente e não dá para dizer que tenha sido surpresa se alinhar com os indicados do governo na defesa do corte de 0,5 ponto. Foram as condições da economia que permitiram esse avanço.
Para que o juro siga caindo será preciso, mais do que nunca, os ministérios terem responsabilidade nos gastos. Nisso, a dupla Fernando Haddad e Simone Tebet tem mostrado afinação. Diante da tarefa de manter a economia nos trilhos, melhor é não perder tempo com picuinhas, como a indicação de Márcio Pochmann para o IBGE, e cuidar do arcabouço fiscal e da reforma tributária.