O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Com discursos inflamados em defesa da família, da liberdade e do conservadorismo, e contrários ao ingresso de membros do PP no governo Lula, filiados ao Progressistas confirmaram neste sábado (19) o deputado federal Covatti Filho na presidência do diretório gaúcho do partido pelos próximos três anos. A eleição foi simbólica, uma vez que apenas a chapa encabeçada por Covatti disputou a sucessão de Celso Bernardi na sigla.
Durante quase seis horas, a convenção reuniu centenas de filiados ao PP no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa. O ato político teve a participação do presidente nacional da legenda, Ciro Nogueira, além de senadores, deputados estaduais e federais do Rio Grande do Sul e de outros Estados.
Covatti foi eleito com 1.161 votos dos 1.182 votantes. Com dicurso de unidade, o deputado federal disse que a primeira prioridade é manter a escrita que persiste há 10 eleições municipais consecutivas, com o partido elegendo o maior número de prefeitos no Estado.
Além disso, o presidente eleito do PP sustentou que o partido precisa assumir a identidade de conservadorismo nos costumes e liberalismo na economia.
— Chega de ter medo da nossa identidade. Partido tem lado, tem identidade. O partido é o que pensamos, mas é também sobre o que rejeitamos. Para que não reste dúvida, no campo da política, nós combatemos a esquerda. Somos oposição ao Lula, ao PT, ao socialismo, ao comunismo e a ideias que esse campo representa — destacou Covatti Filho.
Covatti disse que o PP respeita os partidos que compõem "a nova direita", mas ressaltou que não irá tolerar assédio de outras siglas que tentam atrair os progressistas. A citação é resposta indireta ao presidente estadual do PL, Giovani Cherini, que em junho sugeriu que os bolsonaristas filiados ao MDB e PP deixem os partidos, argumentando que as duas legendas apoiam o governo Lula.
A chegada de Covatti marca também a despedida de Bernardi, presidente mais longevo da história do PP gaúcho, com 24 anos de gestão partidária. Em seu discurso, Bernardi relembrou a própria trajetória política iniciada em Santo Ângelo e fez uma apresentação dos principais momentos vividos na legenda, como as duas oportunidades em que concorreu a governador, em 1994 e 2002.
Sobre o momento atual, Bernardi disse que os progressistas do Rio Grande do Sul não desejam participar do governo do PT e criticou os ministros do Supremo Tribunal Federal, que "opinam e falam de tudo", segundo ele.
— Covatti, receba esse partido. No dia 11 de setembro é a posse, mas no dia 12 eu estarei lá me oferecendo para trabalhar naquilo que puder ser útil. Eu amo o meu partido, vou morrer nesse partido — encerrou Bernardi, visivelmente emocionado e tentando conter o choro.
Apesar de deixar oficialmente o comando do PP, Celso Bernardi será o presidente de honra do PP estadual.