A Câmara dos Deputados deu uma demonstração inequívoca de maturidade ao aprovar a proposta de emenda constitucional que reorganiza o sistema tributário brasileiro. O discurso repetido nas últimas três décadas finalmente começa a se transformar em realidade, o que deve impactar no humor do mercado e na atração de investimentos.
O placar da votação da emenda constitucional da reforma tributária é uma vitória inequívoca das forças que se mobilizaram pela aprovação. Nessa lista estão o presidente da Câmara, Arthur Lira, o presidente Lula e seus ministros, os governadores e a maioria dos prefeitos. Perderam os prefeitos das capitais, que não conseguiram convencer os deputados com seus argumentos contrários à reforma, tratada como a antessala do Apocalipse.
Perdeu também o ex-presidente Jair Bolsonaro, que se recusou a ouvir os argumentos do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, de que resistência à reforma prejudicaria a direita. Além da aprovação folgada, um em cada cinco deputados do PL votou a favor da reforma, sinal de que Bolsonaro está cada vez mais isolado.
A bancada gaúcha seguiu o script que se repete a cada votação: bolsonaristas votaram contra, na avaliação simplória de que a reforma é um projeto do governo Lula e não uma questão de Estado. Deputados que passaram os últimos anos pregando a reforma tributária e votaram contra perderam pontos com boa parte do PIB e dos eleitores mais sensatos.