Quando se imaginava que a faxina no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) tinha acabado, eis que o ministro interino, Ricardo Cappelli, anuncia a demissão de mais 58 servidores. Na quarta-feira (26), Capelli já tinha exonerado 29 pessoas. O que fazia essa gente toda, mais os que remanescem? A resposta a essa pergunta pode levar à conclusão de que o GSI era um cabide de empregos e que poderia ser enxugado sem prejuízo para o país.
O presidente Lula já havia transferido do GSI para a Polícia Federal a responsabilidade por sua segurança pessoal, por não confiar na estrutura que herdou de Jair Bolsonaro, principalmente porque o ministro anterior era o general Augusto Heleno. Depois da divulgação das imagens de integrantes do GSI conversando amistosamente com os baderneiros que depredaram o Palácio do Planalto, Lula e seus ministros mais próximos reconhecem como erro ter mantido a maior parte da equipe do general Heleno.
Se o GSI não foi capaz de organizar a defesa do Planalto, porque minimizou o risco de uma invasão pelas horas que se deslocavam de diferentes pontos do Brasil para um protesto no dia 8 de janeiro, significa que falhou na sua missão primordial. A dúvida é se foi incompetência ou boicote ao governo que começava, o que será apurado pela Polícia Federal.
Em uma coluna na qual sugeriu a extinção do GSI, para economizar dinheiro com salários e funções gratificadas, a jornalista Marta Sfredo apontou outros casos em que os responsáveis pela segurança dos presidentes falharam miseravelmente.
Não bastará trocar as pessoas se não for feita uma reengenharia no Gabinete de Segurança Institucional, adequando o seu tamanho às reais necessidades. Em vez de manter o cabide de empregos ou até inchar ainda mais a máquina, seria o caso de investir em inteligência, coisa que faltou no 8 de janeiro e em outras oportunidades.
Aliás
Em março, o GSI perdeu a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que passou para a estrutura da Casa Civil. A Abin também falhou ao não identificar o risco real do quebra-quebra de 8 de janeiro.
Espetáculo grotesco
A tentativa da dupla Eduardo Girão (Novo-CE) e Damares Alves (Republicanos-DF) de entregar um réplica de feto ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi mais uma dessas performances grotescas que desqualificam a oposição.
A comissão não estava tratando de aborto, assunto que leva parlamentares conservadores a andarem para lá e para cá com o feto de plástico. A performance dos dois tinha como objetivo constranger o ministro e, assim, fazer média com seus eleitores.
Damares justificou a ação como uma crítica à decisão do presidente Lula de retirar o Brasil da Declaração do Consenso de Genebra sobre Saúde da Mulher e Fortalecimento da Mulher, documento radicalmente contrário ao aborto.
O ministro se recusou a receber o “presentinho”, chamou a atitute de Girão de escárnio e disse que se tratava de “uma exploração inaceitável de um problema muito sério vivenciado no país”, referindo-se às milhares de mortes anuais de mulheres pobres, por abortos clandestinos. Mulheres ricas recorrem a clínicas igualmente clandestinas, mas com estrutura de hospital.
Dossiê de Luciana
A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) apresenta nesta sexta-feira um dossiê produzido por sua equipe sobre as condições de trabalho de soldados e sargentos da Brigada Militar. O documento será divulgado no lançamento da frente parlamentar em defesa dos brigadianos de nível médio.
Nele, estão compiladas uma série de denúncias recebidas pela deputada. Luciana já enviou mais de 80 ofícios sobre esses casos ao comando da BM.