O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Ganhou força na Câmara Municipal de Porto Alegre a articulação capitaneada pelos bancários pedindo o veto ao projeto que desobriga a presença de portas giratórias em agências bancárias da Capital. Ao longo desta quarta-feira (8), vereadores da base e da oposição procuraram o prefeito em exercício, Hamilton Sossmeier, e pediram que a proposta fosse barrada pelo Executivo. Sossmeier ouviu as ponderações e opinou que o texto deveria ser vetado, mas decidiu deixar a palavra final com o prefeito Sebastião Melo.
— Fiquei seis, sete horas como prefeito (em exercício) e achei que essa questão deveria ficar com o prefeito. (Se vetasse) iria acabar interferindo numa decisão da prefeitura — diz Sossmeier.
Melo passou a quarta-feira em Não-Me-Toque, no norte do Estado, onde participou de debates na Expodireto com prefeitos a respeito da reforma tributária. Ele retornou à Capital no final do dia. Já o vice-prefeito Ricardo Gomes viajou para Brasília, onde teve agendas com parlamentares. Na linha sucessória, como presidente da Câmara, coube a Sossmeier comandar a prefeitura.
O prazo para Melo decidir se veta ou sanciona o projeto é até 20 de março. Mas, segundo o líder do governo na Câmara, já existe uma tendência na base e o veto "provavelmente" deve ocorrer.
— Muitos vereadores pediram para que se vetasse. Se liberarmos (a desobrigação) da porta giratória e acontecer algum assalto, vão culpar a prefeitura ou a Câmara. Precisamos ter segurança. Na dúvida, eu vou pela segurança — analisa Idenir Cecchim (MDB).
A impressão geral na base governista é de que o projeto, aprovado em dezembro de 2022, passou batido pelo plenário da Câmara. A proposta é da autoria do vereador Ramiro Rosário (PSDB), que compõe a base de Melo no legislativo. Apesar disso, Cecchim acredita que não haverá ruído com o aliado.
— É um projeto individual, não tem nada a ver com a bancada (do PSDB). É um projeto de um vereador importante, ele (Ramiro Rosário) defende e tem as razões dele. Ele vai entender, a maioria está pedindo (o veto) — diz Cecchim.
Nesta quinta-feira (9), Melo irá tratar do tema com o vereador do PSDB na Câmara Municipal. Às 9h30min, o prefeito tem agenda oficial com a Frente Parlamentar da Reforma Tributária, da qual Rosário é presidente.
O tucano reconhece a existência da articulação pelo veto, mas aguarda pela conversa com Melo e mantém a expectativa de que a sua proposição seja sancionada.
— Houve uma pressão muito forte, mas, pelo que eu tenho de conhecimento, até agora não prosperou. Isso é covardia de quem está articulando o veto e não teve coragem de falar na reunião em que tratamos com todos os vereadores e o prefeito (em 27 de fevereiro). Considero uma atitude covarde não procurar o autor da lei — critica Rosário.
Relembre
Em 14 de dezembro do ano passado, o plenário da Câmara aprovou projeto que desobriga a exigência de portas giratórias em agências bancárias. O vereador Ramiro Rosário diz que a proposta somente retira a obrigação para as unidades de atendimento que não utilizam dinheiro em espécie e nas áreas de caixas eletrônicos, o que exclui as agências tradicionais.
Do outro lado, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) e a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras (Fetrafi-RS) afirmam que o texto abriria uma brecha para a retirada das portas giratórias em todas as agências bancárias da Capital.
— Defendemos o veto total. Entendemos que o projeto todo precisa ser rediscutido — afirma Priscila Aguirres, diretora do SindBancários.