De volta depois de alguns dias de férias, gostaria de estar em Passo Fundo nesta quarta-feira (1º), de mãos dadas com os colegas que trabalham no mais novo projeto editorial do Grupo RBS. Se escrevo de Porto Alegre é porque um tratamento de saúde limita as viagens, mas não me impede de falar da ligação com a terra que, de certa forma, é a minha terra. Uma das geografias mais incríveis do Rio Grande do Sul, com esse planalto que estica o horizonte e produz imagens inigualáveis.
Campos Borges, que era distrito de Espumoso quando nasci, sempre teve Passo Fundo como a “cidade grande” de referência, principalmente em matéria de saúde, o que só aumentou nos últimos anos pela excelência dos serviços prestados. Conheci a cidade quando era pré-adolescente e me surpreendi que apesar do nome "passo fundo" fosse tão luminosa.
Por causa de umas dores de cabeça persistentes, o médico de Espumoso recomendou a meu pai que me levasse a Passo Fundo para consultar um neurologista. Lá fomos, na velha Rural Willys com a qual meu pai fazia transporte de estudantes, consultar o jovem doutor Paulo Sérgio Crusius. Fiz um eletroencefalograma no Hospital São Vicente e algo deve ter aparecido, porque saí de lá com a recomendação de tomar três tubos de gardenal e retornar ao final de três meses.
Como as dores de cabeça cessaram, meu pai mesmo me deu alta e a vida seguiu seu curso. Não tornei a encontrar o dr. Crusius, mas acompanhei à distância sua trajetória bem-sucedida. Voltei incontáveis vezes a Passo Fundo, por diferentes motivos: trabalho, acompanhamento de familiares em tratamento de saúde, formaturas, visitas a amigos.
Em 2022 estive acompanhando as consequências da estiagem, em janeiro. Em agosto, fizemos, Andressa Xavier e eu, um Gaúcha Atualidade no aniversário do município, que era também o meu, celebrado com um almoço no Centro de Distribuição da São João, nosso parceiro de longa data no programa.
Nos últimos anos, impressiona-me o crescimento da cidade, mas não apenas pela verticalização dos prédios e pelas construções que se espalham por onde antes era apenas trigo e soja. O que mais me encanta é a visão de futuro, com foco na educação. Por isso acompanho com lupa os projetos da prefeitura, a integração com o setor privado, a preocupação em conectar a região com a economia.
Não tenho a pretensão de me autonomear “embaixadora” da nossa região. Uma simples cônsul, talvez, disposta a valorizar iniciativas como a que recentemente me encantou, de ver o Grupo ECB (nossa grande multinacional), de Erasmo Carlos Batistella, arrematar, revitalizar e garantir que o Instituto Educacional de Passo Fundo vai continuar formando gente.
Passo Fundo das jornadas de literatura. Passo Fundo da alta tecnologia, que se derrama por toda a região e da qual a Expodireto é um dos símbolos mais caros. Passo Fundo da educação inclusiva. Passo Fundo que é a nossa esperança quando se tem problemas de saúde na família. Passo Fundo precisa de um olhar atento do jornalismo profissional.
Com a autoridade de quem defendeu a ampliação do aeroporto Lauro Kotz quando ainda era um sonho comunitário e nunca se conformou com o fato de uma região tão pujante não ter uma estrada duplicada até a Capital, incorporo-me como voluntária ao time de profissionais de GZH Passo Fundo para contar histórias que mereçam ser contadas.