O jornalista Carlos Rollsing colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Depois de 20 anos no parlamento, com dois mandatos de deputado estadual e três de federal, Jerônimo Goergen (PP) está saindo da cena política. Ele decidiu não concorrer à reeleição em 2022 e, a partir do próximo ano, atuará na advocacia privada e assumirá a presidência da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil.
Na quarta-feira, Goergen deu seu último voto no Congresso Nacional: disse não à PEC da Transição com a justificativa de que o equilíbrio das contas públicas deve ser respeitado. Goergen não fecha a porta para sempre, mas diz que não fará nenhum movimento para voltar à política. Ele reitera que não desejava fazer da vida parlamentar um emprego.
Na trajetória, teve importante militância na juventude do PP. No Congresso, foi relator das leis da liberdade econômica, do novo código de processo civil e da desoneração da folha de pagamento. Uma de suas marcas foi a atuação pelo agronegócio. Goergen nutriu o sonho de ser governador. Ele sai sem alcançar o desejo, mas resume a despedida em uma palavra: gratidão. Embora tenha enfrentado dramas e divergências no partido, diz que não carrega nenhuma mágoa.
Por outro lado, admite certo desencanto com a face atual da política, em que fazer gritaria em rede social gera mais retorno do que o trabalho. Antes de tocar as novas notas da vida, Goergen passou o Natal com a família em Xangri-Lá.
Pleitos do RS
Vice-governador eleito, Gabriel Souza (MDB) esteve recentemente com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), que confirmou reuniões do Palácio do Planalto com governadores e vice-governadores em janeiro.
Gabriel afirma que o Rio Grande do Sul apresentará uma pauta de reivindicações. Dentre os itens, no topo está a compensação pela perda de ICMS imposta aos Estados. Durante a campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reduziu o tributo sobre os combustíveis para forçar uma baixa do preço nas bombas. A Secretaria da Fazenda estima que as perdas em arrecadação para o Estado serão de R$ 2,5 bilhões em 2022 e de R$ 5 bilhões em 2023. Outro pleito gaúcho, diz Gabriel, é rodoviário: a extensão da BR-448 de Sapucaia do Sul até Portão.
Reação
O secretário municipal de Administração e Patrimônio, André Barbosa, prestou as informações sobre os gastos de Porto Alegre com as gratificações dos servidores públicos. Na sexta-feira, a coluna publicou que um pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI) a respeito dessas despesas estava há quase 60 dias sem resposta, enquanto a legislação estabelece prazo limite de 30 dias para os esclarecimentos. Barbosa afirmou que iria apurar porque não houve resposta antes e que a orientação é de cumprir todos os prazos legais.
Piuí, piuí, piuí
A resposta enviada pelo secretário André Barbosa, via Lei de Acesso à Informação (LAI), revela que a prefeitura de Porto Alegre encerrará 2022 gastando R$ 349,6 milhões com o pagamento de gratificações aos servidores da administração direta. Isso é quase 35 vezes mais do que os R$ 10 milhões destinados ao Orçamento Participativo em 2022.
As verbas mais polpudas são destinadas aos servidores da Secretaria Municipal da Fazenda. Foram pagos R$ 41,1 milhões em gratificações para um conjunto de 409 servidores. Isso dá uma média de R$ 100,6 mil em bonificações ao ano por funcionário. A segunda colocada é a Procuradoria-Geral do Município (PGM), com valor médio anual de R$ 79,6 mil por servidor. Já para o pessoal da Educação, as gratificações anuais alcançam R$ 4,6 mil.
Terrorismo real
A prisão de um bolsonarista suspeito de colocar um artefato explosivo próximo do Aeroporto Internacional de Brasília não deixa mais dúvida sobre a germinação do terrorismo doméstico no Brasil.
Os sinais apontam para uma escalada de violência após a posse de Lula na Presidência da República. Combate especializado ao terrorismo e políticas de desrradicalização social tornaram-se necessárias e urgentes no país.