O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Segundo suplente de deputado federal pelo Podemos a partir de 2023, o senador Lasier Martins avalia deixar o partido. Lasier, que apoiou o candidato a governador Onyx Lorenzoni (PL) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) desde o primeiro turno, diz à coluna que não quer falar sobre o futuro e evita previsões sobre a permanência na vida pública.
O jornalista pensa em descansar em fevereiro, quando encerra o mandato de oito anos no Senado.
— Muita gente está saindo, descontente com alianças que o Podemos está fazendo. O (Eduardo) Leite esteve na minha casa dizendo que estava inclinado a me indicar (para concorrer ao Senado), mas acabou optando pela Ana Amélia. Achei que ele foi meio tratante comigo — diz Lasier.
Em nível nacional, o Podemos declarou apoio a Simone Tebet (MDB) no primeiro turno e liberou os filiados no segundo. No Rio Grande do Sul, o partido integrou a chapa do então candidato Eduardo Leite desde o início da campanha. Sem espaço na aliança do tucano para disputar o Senado, Lasier acabou concorrendo à Câmara.
O Podemos é o terceiro partido de Lasier. Em 2014, o senador foi eleito pelo PDT. Ameaçado de expulsão, Lasier deixou a agremiação em 2016. No ano seguinte, entrou no PSD, onde permaneceu até 2019.
Campanha
Lasier também não esconde a insatisfação com o presidente estadual da sigla, Everton Braz, e diz que o dirigente concentrou recursos na campanha do deputado federal Maurício Dziedricki.
Braz nega que o partido tenha favorecido Dziedricki e afirma que não tem conhecimento de que Leite teria sinalizado a Lasier com a vaga de candidato a senador da chapa.
— Ele (Lasier) recebeu recursos em monta significativa do fundo eleitoral. Atribuir o insucesso eleitoral ao partido acaba encobrindo a necessidade de fazer uma autocrítica em relação ao desempenho do mandato. O partido sempre foi muito parceiro do senador, auxiliou para que ele fizesse os deslocamentos que precisava — rebate Braz.
Lasier recebeu R$ 1,5 milhão na direção nacional do Podemos para o financiamento de sua campanha. Já Dziedricki declara ter recebido R$ 2,1 milhões da legenda, repassados neste caso pela direção estadual do partido. O deputado federal é cotado para o futuro secretariado de Leite.
Ainda para efeito de comparação, o único deputado federal eleito pelo Podemos, Maurício Marcon, declara não ter recebido nem um centavo do fundo eleitoral. O vereador de Caxias do Sul recebeu R$ 71,7 mil em doações de pessoas físicas. A maior fatia do valor é proveniente de financiamento coletivo: R$ 22,9 mil.
Lasier fez 26.692 votos. Dziedricki fez 74.310. Já Marcon foi a preferência de 140.634 eleitores.