A duas semanas da eleição, a nova pesquisa Ipec aponta para um cenário cristalizado tanto na disputa pelo Palácio Piratini quanto na do Senado. Em 15 dias, todas as variações ficaram dentro da margem de erro. Se a eleição fosse hoje, Eduardo Leite (PSDB), com 38%, iria para o segundo turno com Onyx Lorenzoni (PL), que tem 26%. E Olívio Dutra (PT) e Ana Amélia Lemos (PSD) disputariam até o último voto para ver quem conquista a única vaga de senador. Ele tem 28% e ela, 25%.
Onyx cresceu dois pontos entre uma pesquisa e outra, exatamente o que perdeu Luis Carlos Heinze (PP), que disputa a mesma fatia do eleitorado conservador. Heinze caiu de 6% para 4% (variação na margem de erro, que é de três pontos para mais ou para menos). Juntos, Onyx e Heinze somam 30%, o que significa nove pontos a menos do que o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) tem no Rio Grande do Sul. A base do PP está dividida entre Heinze, Onyx e Leite.
Com uma estratégia de associar seu nome ao do ex-presidente Lula, o candidato do PT, Edegar Pretto, subiu apenas um ponto e segue na terceira posição. Seus 10% representam um quarto das intenções de voto em Lula e um terço do índice de Olívio Dutra, candidato ao Senado.
Dos números deduz-se que o eleitor gaúcho está fazendo suas próprias alianças e combina o voto em Eduardo Leite com o das candidatas de sua coligação, Simone Tebet (3%) e Soraya Thronicke (1%) e com Lula e Bolsonaro. O mesmo pode se dizer do Senado: Leite tem 13 pontos a mais do que Ana Amélia, o que leva à conclusão de que entre seus eleitores há uma fatia que vota em Olívio para o Senado.
Hamilton Mourão, que passou de 18% para 19%, e segue em terceiro, tem sete pontos menos em relação a Onyx, que é seu parceiro de chapa. Outra conclusão que se pode tirar da pesquisa é que Ana Amélia saiu do PP, mas a base do partido segue com ela. A candidata do partido, comandante Nádia, emperrou nos 3%.
A vantagem folgada de Leite e o consistente segundo lugar de Onyx não são suficientes para que os dois possam dormir tranquilos e começar a preparar o segundo turno: é absurdamente alto o número de eleitores que não sabem o número do seu candidato.
No caso de Leite, 12% dos que declaram voto nele acertaram que seu número é 45, enquanto 3% erraram e 85% disseram não saber. Dos eleitores de Onyx, 20% acertaram, 2% erraram e 78% não souberam responder que é 22. Nesse particular, Pretto leva vantagem: 44% acertaram que seu número é 13 e 53% não souberam responder.
Segundo turno
Na simulação de segundo turno entre Eduardo Leite e Onyx Lorenzoni, que aponta a vitória do ex-governador por 49% a 35%, chama atenção as diferenças por sexo, faixa etária e nível de renda.
Os dois empatam tecnicamente entre os homens, mas Leite faz 55% e Onyx 28% entre as mulheres. O ex-governador é o queridinho dos jovens de 16 a 24 anos, faixa em que chega a 62%.
Onyx só está à frente entre os eleitores de 35 a 44 anos de idade (45% a 42%) e entre os eleitores com renda superior a cinco salários mínimos (51% a 39%).
Na Região Metropolitana, Leite faz 52% a 31%. O mais curioso é que entre os que têm alguém na família que recebe benefícios do governo federal, Leite vai a 57% e Onyx faz 27%.
Dinheiro ao vento
Com uma campanha milionária, Roberto Argenta (PSC) não conseguiu sair do patamar de 2%. Até agora, o candidato recebeu R$ 6,5 milhões e contratou despesas no valor de R$ 4,1 milhões. É a segunda campanha mais cara, perdendo apenas para Onyx, que recebeu R$ 9,1 milhões e contratou R$ 6 milhões.