Foi no auge da pandemia que recebi a mensagem de Eduardo Corrêa, apresentando-se como diretor do grupo CCM, uma empresa que organiza congressos médicos, me convidando para participar de uma iniciativa chamada provisoriamente de Unidos pela Saúde contra o Colapso. Explicou-me que ali estariam médicos de diferentes especialidades, trocando ideias de como ajudar naquele momento de crise. Topei na hora, mesmo explicando que ficaria como observadora, porque não sou médica e estava aprendendo desde março de 2020 a lidar com o vírus que nos atormentava e, principalmente, a fazer perguntas aos especialistas.
Eduardo e seu sócio Alessandro Costa foram incansáveis. Com a equipe da CCM, que ficara praticamente sem trabalho com a suspensão das atividades presenciais, os dois produziram conteúdos esclarecedores sobre a pandemia, usaram as redes sociais para informar, abriram o debate entre os médicos. Juntos, acompanhamos a ameaça de colapso em várias cidades, Porto Alegre entre elas. No grupo estavam os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e, por algum tempo, o ministro Marcelo Queiroga.
Juntos acompanhamos o avançar da vacinação, as vacilações do governo, a vitória do SUS, a lenta retomada da normalidade. Do grupo de médicos, alguns reitores de universidades, outros diretores de faculdades de Medicina, eu conhecia pouquíssimos pessoalmente. Com eles aprendi muito, descobri pautas e fontes que nos ajudaram a trabalhar um tema tão difícil, especialmente por mim, que sou jornalista de política e precisei mergulhar nos labirintos da biologia.
Há cerca de dois meses, recebi do mesmo Eduardo o convite para a celebração dos 20 anos da CCM Group, em São Paulo. Seria a oportunidade de conhecer pessoalmente boa parte dos médicos com quem interagimos. Encerrado o contato, corri a comprar passagem e reservar hotel. Na sexta-feira (1º), no DocTalks 2022, finalmente, conheci alguns dos médicos que se tornaram ícones da boa informação e reencontrei gaúchos que não via desde antes da pandemia e com quem só fazia entrevistas por telefone.
Conheci Edu e Alex pessoalmente, brindei com a dra. Margareth Dalcomo, a incansável, reencontrei João Gabbardo, Luiz Antônio Nasi, Leandro Zimmermann e tantos outros que fizeram a diferença durante a pandemia, salvando vidas e transmitindo orientações precisas para fazer frente às fake news. No jantar, tive a honra de sentar entre Maria Cláudia Irigoyen e Jaderson Costa, duas pessoas iluminadas. E recebi uma das maiores homenagens que uma operária da informação poderia receber: o prêmio DocTalks 2022, na categoria Personalidade de Mídia - rádio e jornal. Não poderia estar em melhor companhia, com Aline Midlej (personalidade de mídia - TV), a dra. Angelita Gama (personalidade médica) e a ex-senadora Ana Amélia Lemos, homenageada por seu trabalho em defesa da ciência.
O que dizer nesta hora? Obrigada pelo reconhecimento e pela possibilidade de conviver, virtual ou pessoalmente, com pessoas que não se entregaram para a escuridão.