O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
As conversas de bastidor entre PSDB e MDB para uma aliança na corrida ao Palácio Piratini ganharam tom oficial nesta quinta-feira (23), quando os tucanos formalizaram o convite para que os emedebistas façam parte da aliança que dará sustentação à candidatura do ex-governador Eduardo Leite. Até agora, o MDB mantém a pré-candidatura do deputado estadual Gabriel Souza, apesar dos movimentos do diretório nacional e de líderes locais por uma composição com Leite.
O convite foi efetivado pelos tucanos durante reunião com o presidente estadual do MDB, Fábio Branco. O prefeito de Rio Grande recebeu no diretório estadual, em Porto Alegre, o presidente estadual do PSDB, Lucas Redecker, o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, que é vice-presidente do partido, e o deputado Mateus Wesp, líder da bancada na Assembleia.
Durante a reunião, Redecker repassou às mãos de Branco um ofício (leia abaixo) listando argumentos favoráveis à composição e lembrando que, em eleições anteriores (1994 e 2002), os tucanos indicaram vices de candidatos do MDB. O documento menciona que os dois partidos colaboraram para que o Estado se afastasse do "populismo fiscal" e diz que a coligação é necessária para evitar "retrocessos".
"Para isso, oferecemos a liderança do ex-governador Eduardo, que tem apresentado forte e consistente desempenho nas pesquisas de opinião, convidando o MDB para estarmos juntos desde o processo eleitoral, buscando assegurar a continuidade e evolução desta agenda de transformação na qual o MDB foi, tem sido e será protagonista", diz a manifestação.
À coluna, o dirigente tucano afirmou que o partido respeita a "legitimidade" da pré-candidatura do MDB, mas entende que os dois partidos devem caminhar no mesmo rumo.
— As mudanças feitas pelo governo Eduardo tiveram apoio do MDB na Assembleia, e as mudanças feitas pelo governo Sartori tiveram apoio do PSDB. Temos muitos pontos que nos aproximam e, juntos, poderemos encaminhar a continuidade da mudança no Rio Grande do Sul — ressaltou Redecker.
Outro argumento dos tucanos é de que a aliança nacional dos partidos em torno da candidatura presidencial de Simone Tebet (MDB) deve ser replicada no Estado. Para que isso aconteça, seria necessário um movimento histórico do MDB, que jamais abriu mão da cabeça de chapa nas eleições estaduais.
De acordo com pessoas próximas a Gabriel Souza, ele toparia abrir mão da candidatura para apoiar Leite. O movimento, entretanto, é rejeitado por um grupo significativo de líderes e da base partidária. O vereador de Porto Alegre Cezar Schirmer, por exemplo, segue disposto a disputar a indicação do partido na convenção estadual.
No encontro com os tucanos, Fábio Branco reafirmou o projeto de candidatura própria do MDB ao governo do Estado, mas não fechou a porta para o diálogo com os tucanos.
— O MDB tem feito a defesa de um diálogo para que estejamos juntos. O que fizemos foi escolher o deputado Gabriel como nosso pré-candidato, para defender o legado que vem desde o governo Sartori, reconhecendo o trabalho do governador Leite.
Branco reiterou que o nome de Gabriel foi indicado pelo diretório do partido, em março, e disse que "qualquer fato novo" deve ser discutido pelas instâncias internas do MDB.
Em nota, o MDB Nacional afirmou que "apoia as conversas, fundamentais para a construção de uma alternativa à polarização".
Leia o ofício entregue pelo presidente do PSDB ao presidente do MDB
PSD na mira
Pela manhã, Lucas Redecker, Mateus Wesp e Eduardo Leite também conversaram com integrantes da executiva estadual do PSD. A sigla faz parte da governo estadual e deve indicar a ex-senadora Ana Amélia Lemos para a vaga ao Senado na chapa de Leite.
Publicamente, Leite já expressou o desejo de contar com Ana Amélia em sua chapa.
Líderes do MDB também estiveram com Ana Amélia e seus correligionários, e ofereceram a vaga ao Senado na chapa de Gabriel.