A ideia de que “quem ama, cuida” não é original, mas nem por isso deixa de ser merecedora de crédito a iniciativa da prefeitura de Porto Alegre de tentar envolver o cidadão nos cuidados com a cidade. Apresentada nesta quarta-feira (22) pelo prefeito Sebastião Melo e detalhada pelo secretário de Comunicação, Luiz Otávio Prates, a campanha com o slogan “a gente vive, a gente cuida” pretende se transformar em movimento para além dos 30 meses que restam da atual gestão.
A campanha parte de um pressuposto elementar: se cada um não fizer a sua parte, a prefeitura pode gastar bilhões todos os anos em zeladoria e não terá uma cidade limpa, agradável e atrativa. Nem só de filmes, vídeos, jingle e conteúdos nas redes sociais será feita a campanha. A convicção de que as crianças são mais permeáveis a iniciativas de proteção ambiental está na base do “kit cuidado” que será distribuído nas escolas públicas e conveniadas. O kit será composto por cartilha ilustrada, saquinhos de lixo, camisetas e adesivos.
A expectativa é atrair as escolas privadas e os empresários para o movimento, já que o vandalismo, o descarte irregular de lixo e a falta de cuidado com praças e jardins é problema em todas as classes sociais. O material digital estará disponível para as escolas que quiserem divulgar entre seus alunos.
— Sabemos que é preciso uma mudança cultural para que as pessoas parem de tratar o espaço público como se fosse de ninguém e entendam que é de todos — pondera Prates.
A indicação de prefeitos das praças, iniciada no ano passado, foi uma das formas encontradas pela prefeitura para envolver as comunidades nos cuidados com os espaços públicos. Trata-se de uma ação de voluntariado que já começou a apresentar resultados. Os prefeitos e prefeitas são os olhos da prefeitura no bairro. Avisam se uma lâmpada está queimada, se houve algum ato de vandalismo, se os equipamentos das praças estão bem cuidados ou se é preciso repor alguma planta. A meta do prefeito é chegar a 250 prefeitos de praças — um para cada ano da cidade.
O foco inicial da campanha será a destinação correta do lixo, mas há outros pontos em que a população pode ajudar. Um deles já é alvo de uma campanha da prefeitura: conscientizar os moradores de que devem conectar suas casas à rede de tratamento de esgoto. Outro é o cuidado com a iluminação pública, até por se tratar de fator de segurança para os bairros.
A ideia não é que o cidadão substitua a prefeitura na zeladoria da cidade. Ao contrário: o poder público terá de seguir fazendo a sua parte, o que inclui ampliar a oferta de lixeiras, garantir o recolhimento adequado do lixo orgânico e dos resíduos recicláveis, manter em dia os serviços de capina e poda de árvores e manter as ruas limpas.