As fotos do casamento do ex-presidente Lula com a socióloga Rosângela Silva, a Janja, divulgadas pelo próprio noivo, têm a assinatura do seu fotógrafo de confiança, Ricardo Stuckert, e estão identificadas como “Casamento de Lula e Janja — O Amor Venceu o Ódio”. Os convidados tiveram os celulares confiscados na entrada da casa de festas onde foi celebrado o enlace, para garantir que só chegaria à imprensa o que o casal quisesse.
As fotos mostram um casal sorridente, cumprindo os ritos de um matrimônio tradicional, com pajens e bolo de quatro andares, que simulam cortar segurando a espátula juntos. Ele, um viúvo de 76 anos, de terno azul, sem gravata. Ela uma mulher de 55 anos, solteira, usando vestido de princesa. Entre os convidados, políticos com roupas sóbrias, mulheres de longo e artistas com figurino descolado.
O que essa descrição tem a ver com a campanha eleitoral? Tudo, ainda que a versão oficial seja de que a resposta seria “nada”, porque, afinal, o casamento é privado. Quem conhece noções elementares de marketing sabe que não é bem assim — e isso ficou claro nos dias que antecederam a boda. Lula usou o casamento como uma espécie de contraponto ao ódio dirigido contra ele pelo bolsonarismo.
A produção pensou nos detalhes para “causar” nas redes sociais e vender a imagem de que Lula é “tradicional família brasileira” e que o amor é mais forte do que o ódio que inunda as redes sociais. Os militantes se encarregaram de divulgar imagens felizes dos noivos e rebater qualquer crítica partindo para o ataque.