O que até aqui era uma percepção generalizada entre médicos de todo o Brasil ganhou comprovação em números em Porto Alegre: o risco de uma pessoa não vacinada contra a covid-19 precisar de um leito de UTI é 16,4 vezes maior do que a de uma com esquema vacinal completo. Em relação a leitos clínicos, a diferença é um pouco menor: a possibilidade de um não vacinado ou com esquema incompleto precisar de leito clínico é 11,6 vezes maior.
Como se chegou a esses números? A Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre analisou os dados de internação de 121 pacientes, dos quais 49 necessitaram de UTI, entre 5 de dezembro de 2021 e 15 de janeiro. O período inicial coincide com o início da circulação da variante Ômicron na cidade. O primeiro caso foi confirmado em 10 de dezembro de 2021.
Dos 121 casos encontrados no Sivep/Gripe, sistema de informações do Ministério da Saúde, que registra os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 28 eram de pessoas que não tinham nenhuma dose ou estavam com esquema incompleto e precisaram de leito de UTI.
De acordo com os dados do vacinômetro da cidade, nesta quinta-feira (20), apenas 91.084 (7,5%) pessoas estão com esquema incompleto no município de Porto Alegre. Ou seja, a chance de se internar em um leito de UTI nesse grupo é de uma pessoa para cada 3.253, enquanto que a chance de uma pessoa com esquema completo precisar de tratamento intensivo é de uma pessoa para cada 53.346 pessoas.
O cálculo pode parecer complicado, mas não é. Se vacinados e não vacinados tivessem a mesma probabilidade de precisar de UTI, a proporção de internados seria a mesma: menos de um em cada 10 internados estaria sem o esquema vacinal completo. Se 28 dos 49 internados em UTI não estavam com o esquema vacinal completo, significa que, embora representem 7,5% da população, respondem por 57,1% dos leitos ocupados. Já os vacinados, que são 92,5% dos porto-alegrenses, ocupam 42,8% dos leitos.
A análise concluiu que 84% dos casos (102) são de pessoas com alguma comorbidade ou fator de risco, e 58%, ou 70 pacientes, são idosos.
— É importante que especialmente as pessoas com comorbidades procurem manter-se com esquema vacinal completo. Reforçamos a importância do distanciamento, que as pessoas evitem promover ou participar de festas e aglomerações, do uso adequado de boas máscaras e da higienização das mãos frequente com água e sabão ou álcool 70% — apela o diretor da Vigilância em Saúde municipal, Fernando Ritter.