A presença dos governantes em locais de tragédias climáticas ou de qualquer natureza é um gesto simbólico. Mostra que o presidente, o governador ou o prefeito estão solidários e dispostos a ajudar. Não substitui o mais importante, que é a remessa de recursos, sobretudo alimentos, remédios, colchões e agasalhos, quando se trata de famílias que perderam tudo como ocorre em vários municípios do sul da Bahia.
O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou a área quando a situação não era tão grave, mandou ministros para a zona de desastre, liberou mais de R$ 200 milhões para a reconstrução, mas optou por manter as férias em Santa Catarina, desagradando aliados do Nordeste que gostariam de sua presença por lá e pressionam o presidente a mudar de ideia. Estão perdendo tempo.
Bolsonaro não deve abandonar as férias nas águas azuis de Santa Catarina para sujar o sapato de lama na Bahia. Se não é genuíno o sentimento de prestar solidariedade aos flagelados, melhor não ir. Sobrevoo de helicóptero só para tirar fotos e calar a parte da imprensa que o critica? Melhor não gastar dinheiro público com a viagem. Empatia, ou se tem ou não se tem. Forçar a barra não serve para nada.
Está claro que o motivo de Bolsonaro para não ir à Bahia é político: o governador Rui Costa é do PT e diz que a ajuda federal recebida é insuficiente. Se for, o presidente será cobrado - e ele já disse que espera não ser interrompido nestas férias em que só quer saber de pescar, jogar conversa fora com os amigos, tirar fotos para as redes sociais e andar de moto aquática com a primeira-dama, Michelle, e a filha Laura na garupa. Governar dá trabalho. Deixa com os ministros.
É fato que o governo federal mandou socorro para a Bahia. Pode mandar mais, porque dinheiro não falta. Basta direcionar uma parte das emendas do orçamento secreto para reconstruir cidades arrasadas pela chuvarada. Se for agora, para satisfazer aliados ou calar os críticos, vai soar falso.
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