Jornalista formada pela PUCRS, colunista de Política de ZH e apresentadora do programa Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha.

Nome de mulher 
Notícia

Angela Merkel, a líder que conquistou a Alemanha e o planeta pela competência 

Chanceler não é de arrastar multidões, como fazem presidentes populistas, e se manteve no poder por 16 anos em um sistema parlamentarista 

John MACDOUGALL / AFP
Em um mundo dominado por homens, a chanceler alemã soube se impor e deixa a política com popularidade em alta

Está terminando na Alemanha uma era marcada pela força da mulher que por 16 anos comandou os destinos da locomotiva da Europa. Nenhum líder mundial em atividade hoje combina a força, a serenidade, a simplicidade e a confiança que inspira a chanceler Angela Merkel. São 16 anos sob a liderança dessa mulher de 67 anos que marcou profundamente a história do início do século 21. 

Merkel não é de arrastar multidões, como o inominável que manchou de sangue a história da Alemanha (e do mundo) no século 20. Ao contrário, leva uma vida de “gente como a gente”, a ponto de fazer compras e empurrar o carrinho de supermercado, como se não fosse uma das mulheres mais poderosas do planeta. Merkel é competência com nome de mulher, sem perder a simplicidade e o sentido humanitário. Não por acaso, os refugiados que a Alemanha acolheu nos últimos anos — e que hoje fazem a diferença na economia alemã, em comparação com outros países — a homenageiam dando aos filhos e filhas nomes como Angela, Angie, Angel e até Merkel. 

Até por ser fruto de um sistema parlamentarista, em que o primeiro ministro é produto de uma construção partidária e, se não obtiver maioria na eleição, de um concerto político, Merkel nem de longe lembra as figuras patéticas do presidencialismo populista da América Latina.

A sóbria Alemanha aprendeu a duras penas que os salvadores da Pátria podem ser seus coveiros. Não existe lá essa adoração doentia que se vê no Brasil, na Argentina e em outros países acostumados a venerar seus líderes e a transformá-los em mitos de esquerda ou de direita. Se Merkel tivesse sido uma chefe de governo incompetente, teria caído antes de completar o primeiro ciclo de mandato — e essa é a beleza do parlamentarismo. 

De seus 16 anos à frente do governo da poderosa Alemanha não há registro de desperdício, ostentação,  escândalos envolvendo recursos públicos ou financiamento de campanhas.   De todos os líderes do G20 que lhe apertaram a mão nestes 16 anos, nenhum encarna tão bem a ideia de austeridade com responsabilidade quanto ela. Por isso, deve ser uma inspiração para mulheres e homens do mundo inteiro. 

Talvez o cinema não se interesse em transformar a vida de Angela Merkel em filme, como fez com Margaret Thatcher, em A Dama de Ferro, interpretação magistral de Meryl Streep. A chanceler alemã não foi uma pioneira como Thatcher, mas enfrentou desafios iguais ou maiores sem jamais perder a fleuma. O mundo não será o mesmo sem ela. 

ALIÁS

A forma como Angela Merkel é respeitada mostra o quanto o Brasil caminha na contramão do mundo, com ataques grosseiros às mulheres que se aventuram na política. Os recentes ataques à deputada Tabata Amaral e à senadora Simone Tebet são primitivos.

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