Para obter os 28 votos necessários à aprovação da privatização da Corsan e aprovar o projeto nesta terça-feira (31), o governo estadual terá de fazer concessões aos prefeitos, que pediram mais tempo para a discussão. A assembleia da Famurs, realizada nesta segunda (30), mostrou que os prefeitos estão inseguros em relação ao futuro e temem que a Assembleia esteja dando um cheque em branco ao governo.
Depois de receber do presidente da Famurs, Eduardo Bonottto, a lista de demandas dos prefeitos, o líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes, foi ao encontro do chefe da Casa Civil, Artur Lemos, discutir modificações na proposta. O deputado pergunta:
— O que seria um tempo razoável? Se o conseguirmos contemplar as demandas dos prefeitos, o tempo razoável pode ser amanhã (terça).
O assunto é complexo e o governo teve dificuldades para comunicar aos prefeitos e à sociedade em geral as vantagens de vender a Corsan. O discurso de que a estatal é incapaz de fazer os investimentos necessários para cumprir as metas do marco regulatório do saneamento é abstrato para os clientes da Corsan e para boa parte dos prefeitos. A confusão em torno da regionalização – outro tema de difícil compreensão para quem não está mergulhado no debate – ampliou a incerteza dos prefeitos, não apenas dos pequenos municípios, mas também os de médio porte.
É indiscutível que saneamento deveria ser prioridade e que ao longo de sua história a Corsan não fez o dever de casa. A dúvida é se não seria melhor convencer os prefeitos antes da votação do projeto, já que são os municípios os detentores da concessão para explorar os serviços de água e esgoto.