A imagem mais simbólica do desfile militar extemporâneo promovido pela Marinha nesta terça-feira (10), em Brasília, é a da fumaça preta saindo de um dos tanques. Seria uma forma subliminar de as Forças Armadas dizerem que seu arsenal está sucateado ou só mais uma trágica coincidência? A expressão “trágica coincidência” foi usada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) para definir a exibição bélica no dia marcado para a votação da proposta do voto impresso pela Câmara dos Deputados.
Se a ideia do presidente Jair Bolsonaro era dar uma demonstração de força, virou chacota. O jornal britânico The Guardian produziu uma chamada que expõe o Brasil ao ridículo: “Desfile militar da ‘república de bananas’ de Bolsonaro condenado pela crítica”.
Na noite de segunda-feira (9), o Palácio do Planalto foi alertado para o risco de o desfile militar extemporâneo ser mal-interpretado. Um recuo chegou a ser ensaiado, mas Bolsonaro e a Marinha decidiram manter o desfile, com o argumento de que fora marcado antes de Lira colocar a votação do voto impresso em pauta e que as manobras militares em Formosa são tradicionais.
As manobras são, mas não o desfile de blindados passando pelo Palácio do Planalto, pelo Congresso e pelo Supremo Tribunal Federal. Soou como provocação que só faz sentido para Bolsonaro e para seu exército virtual, que guerreia nas redes sociais. Os aliados ficaram constrangidos e a oposição tripudiou. Afinal, qual o sentido de colocar tanques nas ruas a pretexto de entregar um convite para o presidente assistir às manobras propriamente ditas?
O ministro da Defesa, Braga Netto, poderia ter poupado o país desse vexame, mas estava no palanque, sorridente, ao lado do presidente e dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Atrás, um punhado de ministros.
O grande ausente foi o vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva e um dos avalistas da candidatura de Bolsonaro em 2018. Os dois vivem uma relação tumultuada e Bolsonaro já deixou claro que não quer Mourão como companheiro de chapa em 2022.
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.