Na calada da noite, a Câmara dos Deputados ressuscitou as coligações, que morreram para as eleições de 2020, mas nunca chegaram a ser aplicadas na escolha de deputados federais e estaduais. Volta-se ao sistema que vigorou nos últimos anos, uma anomalia que garante poder e dinheiro a partidos de aluguel. Para que a volta das coligações se tornasse mais palatável, colocou-se na sala um bode chamado "distritão", que, ao ser retirado, abriu caminho para o que era o desejo da maioria.
A primeira surpresa foi a inclusão do relatório da deputada Renata Abreu (Podemos-SP) sobre a reforma eleitoral na pauta de votação da quarta-feira, quando a previsão era a apreciação nesta quinta-feira (12).
Renata havia incluído em seu texto dois mecanismos incompatíveis: o distritão, que significaria a eleição dos mais votados, sem somar os votos dos candidatos de cada partido, e a volta das coligações. Incompatíveis porque no distritão os partidos são coadjuvantes. A volta das coligações é a tábua de salvação para partidos ameaçados de extinção por não conseguirem resultados mínimos para sua sobrevivência.
O texto base foi aprovado com 339 votos a favor e 123 contrários, mediante acordo para retirada do distritão na forma de um destaque. Era o arranjo necessário para a ressureição das coligações, sonho de consumo de líderes de si mesmos, que criam partidos de aluguel e negociam espaços em governos, oferecendo tempo de rádio e TV como moeda de troca. Na eleição proporcional, pegam carona nas costas de partidos maiores para garantir a eleição de parlamentares que, sem isso, não teriam futuro.