Durou pouco mais de uma hora e teve mais convergências do que divergências o debate entre três pré-candidatos à presidência do chamado “centro democrático”: Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM). O evento foi organizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP ), organização suprapartidária, e jornal O Estado de S.Paulo. Com mediação de Luis Felipe d’Avila, fundador do CLP, o debate foi mais uma conversa entre semelhantes, que tentam se credenciar como a terceira via na eleição de 2022.
Não houve críticas entre eles. Nas perguntas feitas pelos jornalistas, respostas polidas e politicamente corretas: respeito à ciência, investimento em saúde, compromisso com o ajuste fiscal — embora Ciro tenha criticado o teto de gastos na forma como foi adotado — , combate à pobreza e reformas para tornar o ambiente de negócios mais atraente. Nos blocos em que fizeram perguntas entre eles, nenhuma pegadinha ou saia justa. A civilidade deu o tom.
Sem diferenças significativas nas propostas para a retomada do desenvolvimento no pós-pandemia, a atenção à crise social, o investimento em educação e a proteção do meio ambiente, Ciro, Leite e Mandetta desenharam as linhas gerais do que seria um plano de governo para a eleição de 2022, alternativo aos projetos do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula. Seria perfeitamente viável acomodar dois na mesma chapa e o terceiro fazer campanha concorrendo a outro cargo, como o de senador.
Mais experiente em debates, Ciro também foi o que usou palavras mais duras para criticar o governo Bolsonaro, definido como desastroso, e alfinetou Lula, que lidera as pesquisas:
— O Brasil vive hoje a pior crise da sua história. Ao genocídio se soma o desastre econômico, social e moral. Se nós repetirmos os mesmos remédios e os mesmos personagens, não há razão para acreditar que sairemos desse desastre.
Em diferentes momentos, Leite falou do que fez no Rio Grande do Sul para ilustrar com exemplos práticos a linha que adotaria se fosse presidente. Lamentou que, segundo pesquisa recente, 50% dos jovens sonham viver longe do Brasil, por falta de perspectiva. O governador disse que não se conforma com essa pesquisa, quer que os jovens voltem a acreditar no Brasil, mas que é preciso também dar conforto aos mais velhos, E arrematou:
— A gente tem enormes possibilidades. O meio ambiente é um tema central no mundo. Precisamos tratar dele com cuidado e não com desprezo. Resgatar a esperança das pessoas na política, para que elas deixem de achar que eficiência é coisa da direita e atenção ao social prerrogativa da esquerda. Precisamos de um centro que avance.
Mandetta surfou no tema da saúde, que domina por ter sido ministro no início da pandemia, criticou o caminho adotado por Bolsonaro e defendeu a adoção de políticas públicas que ajudem na reconstrução do país destruído pelo vírus. Na despedida, disse que é preciso melhorar a autoestima e recuperar a imagem do Brasil:
— As pessoas estão desamparadas. Você olha para Brasília e só vê confusão, só vê coisa ruim. O Brasil não pode continuar assim. Precisamos de respeito, diálogo, sem violência contra a imprensa, que está protegendo a democracia.
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