Além do contingente populacional reduzido e da distância para Porto Alegre, os quatro municípios do Rio Grande do Sul que ainda não contabilizam mortes em decorrência do coronavírus tem outro ponto em comum: nenhum deles distribui a cloroquina, remédio sem comprovação científica recomendado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores para o chamado tratamento precoce da doença. Em apenas um caso há uso de medicamentos do chamado “kit covid”, que são ministrados junto de outras substâncias que não integram o combo.
De acordo com o painel alimentado pela Secretaria Estadual da Saúde, nove cidades gaúchas ainda não teriam nenhum óbito pelo coronavírus. No entanto, cinco dessas localidades apontam pelo menos uma morte provocada pelo vírus. Apenas as prefeituras de Benjamin Constant do Sul (no Alto Uruguai), Guabiju (na Serra), Novo Tiradentes (Região da Produção) e Pedras Altas (no Sul) confirmam que o número de óbitos por covid-19 está zerado.
Em todos, há uma prática em comum, facilitada pelo baixo número de habitantes: o acompanhamento diário das pessoas que testam positivo para a doença. Além de cumprirem isolamento, os pacientes recebem contatos permanentes das equipes de saúde para monitorar eventuais casos de agravamento do quadro.
Menor dentre os quatro municípios, com cerca de 1,5 mil habitantes, Guabiju teve 194 casos confirmados da doença até o momento. A secretária de Saúde e Assistência Social, Luciane Lunardi Costenaro, atribui o bom desempenho ao acompanhamento de todos os casos confirmados e às campanhas de conscientização para o uso de máscaras e álcool gel e para evitar aglomerações. Segundo ela, o município nunca usou os medicamentos do kit covid.
— Nossos dois médicos são totalmente contra — garante.
A conscientização dos cerca de 2 mil moradores também foi aposta bem sucedida em Pedras Altas. No início da pandemia, todas as famílias da cidade receberam um kit de higiene e máscaras. O secretário da saúde, Celso Caetano, também ressaltou a prática do acompanhamento dos casos positivados.
— Não aderimos ao kit covid. As pessoas que testam positivo recebem um monitoramento diário, são colocadas em isolamento e assinam um termo de responsabilidade (para não sair de casa) - relata Caetano.
O único dos quatro municípios que tem protocolo para o uso de medicamentos do kit é Novo Tiradentes, com população formada por cerca de 2,2 mil pessoas. Ainda assim, a cloroquina não está entre as substâncias receitadas. Conforme a secretária da Saúde e Assistência Social, Marilia Della Pasqua, são utilizadas a ivermectina e a azitromicina, junto de analgésicos, como dipirona e ibuprofeno, e xarope expectorante. De acordo com Marilia, a indicação dos medicamentos começou neste ano, com a troca na gestão municipal.
— Antes não era usada a medicação, apenas isolado o paciente — afirma.
Em Benjamin Constant do Sul, que também tem cerca de 2 mil habitantes, o atendimento aos pacientes que testaram positivo é domiciliar. De acordo com o secretário da Saúde, Ari Gasparetto, quase todos os casos são revertidos com o monitoramento das equipes municipais e não evoluem para a necessidade de internação. Questionado sobre a distribuição do kit covid, o secretário afirmou que a indicação dos medicamentos fica a critério dos médicos, mas a gestão municipal não incentiva o uso:
— Isso fica a critério do médico, a decisão é dele. Algumas pessoas até pedem (os medicamentos), mas o município não tem orientação para o uso.
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