A volta às aulas presenciais é a polêmica da hora, mas o problema do governo Eduardo Leite e do seu modelo de distanciamento controlado vai além: a pressão pela derrubada da trava que mantém o Rio Grande do Sul sob bandeira preta há nove semanas não para de aumentar. O mapa mostra que, sem esse mecanismo chamado de salvaguarda, que coloca o Estado em bandeira preta sempre que a relação leitos livres/ocupados fica abaixo de 0,35, metade do Rio Grande do Sul estaria em bandeira laranja.
Na última vez em que o modelo foi rodado, na sexta-feira (23), 11 regiões ficaram com a média dos indicadores igual ou menor do que 1,50, o que as colocaria na cor laranja. Outras 10 apresentaram média equivalente ao nível de bandeira vermelha (ver imagem abaixo).
Com o sistema de cogestão, que dá aos prefeitos a possibilidade de adotarem os protocolos de uma bandeira imediatamente anterior, na prática, o levantamento da trava deixaria o Rio Grande do Sul praticamente sem restrições às atividades econômicas e de lazer. Quem receber a bandeira vermelha poderá implementar regras de laranja, e quem ficar em laranja pode optar por protocolos da amarela.
O problema é que o índice de ocupação das UTIs segue em patamar elevado e não está afastado o risco de recrudescimento das infecções, se houver uma liberação abrupta.
O secretário Luís Lamb, coordenador dos comitês Científico e de Dados, confirma que o gabinete de crise está atento às demandas que vêm de todos os lados, mas com a cautela necessária para não comprometer a estratégia, considerada exitosa, de redução do número de mortes:
— Os técnicos estão analisando diversos pontos. Um deles é como alterar a salvaguarda sem colocar em risco a ocupação de leitos. Ainda não temos uma resposta definitiva.
Desde que o modelo de distanciamento foi lançado, há um ano, passou por vários ajustes. O mais radical foi o da cogestão, que, a pretexto de comprometer os prefeitos com a aplicação das regras, acabou por abrandar as restrições. Leite suspendeu a cogestão quando a situação começou a sair do controle, em março, mas a retomou em abril.
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