O PTB no Rio Grande do Sul vai virar pó em, no máximo, um ano. O vice-governador Ranolfo Vieira Júnior e os deputados estaduais e federais do partido decidiram nesta terça-feira (16) pela desfiliação coletiva, em resposta aos ataques desferidos pelo presidente nacional, Roberto Jefferson. A data da saída ainda não está definida porque os parlamentares querem ter certeza de que não correm o risco de perder o mandato.
Ranolfo está com a carta de desfiliação assinada, mas só vai protocolar o documento quando os demais puderem fazer o mesmo:
— Posso sair quando quiser, mas o que me prende é a lealdade aos companheiros que precisam preservar seus mandatos. O certo é que no partido desse sujeito eu não fico.
Há três caminhos para a saída imediata do grupo: a obtenção de uma garantia judicial de que não perderão o mandato para os suplentes, o cumprimento da ameaça de expulsão, feita por Jefferson, ou uma carta de alforria do presidente, que em mensagens de áudio sugeriu que os gaúchos saiam o quanto antes.
As mensagens de áudio, com ataques grosseiros à honra de Ranolfo e dos deputados, poderão ser usadas em um eventual processo na Justiça Eleitoral. Os líderes do PTB têm pareceres de advogados indicando que ataques como os de Jefferson podem ser usados como justa causa para a saída de um partido, o que não acarretaria perda de mandato.
A outra possibilidade é deixar Roberto Jefferson falando sozinho e seguir no PTB até março de 2022, quando se abre a janela para a troca de partido sem perda de mandato. Nesse caso, os próximos 12 meses serão usados para convencer prefeitos e vereadores a seguirem os líderes estaduais, que planejam migrar para o mesmo partido. São três os caminhos cogitados hoje, não necessariamente nesta ordem: PSDB, MDB e Podemos.
Mesmo entendendo que o presidente nacional do PTB não tem base legal para dissolver o diretório regional, o grupo decidiu não brigar pelo comando da sigla no Tribunal Superior Eleitoral. O agora ex-presidente Luís Augusto Lara diz que ninguém suporta mais ter de ficar aguentando as grosserias de Jefferson.
— A sensação é de que estávamos nadando de bota. Dá um alívio quando a gente descalça a bota — compara um dos deputados, cansado de justificar na base eleitoral a companhia de um mensaleiro, condenado por corrupção.
Lara lembra que, desde fevereiro 2003, quando Jefferson reassumiu a presidência, o PTB encolhe a cada ano. Da sua posse até hoje, caiu de 52 deputados federais para 10. Neste ano sairão mais seis. Ficarão somente quatro, sendo que um está preso.
O PTB gaúcho montou até uma tabela para mostrar o “efeito Jefferson” no tamanho da bancada federal:
- 2003- 52ª Legislatura - 52 deputados
- 2007 - 53ª Legislatura - 30 deputados
- 2011 - 54ª Legislatura - 25 deputados
- 2015 - 55ª Legislatura - 16 deputados
- 2019 56ª Legislatura - 10 deputados