O tweet em que o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, anunciou a dissolução do diretório regional do Rio Grande do Sul será solenemente ignorado pelos líderes gaúchos do partido. Depois de saber que os deputados estaduais e federais divulgaram nota dizendo que, se ele expulsar o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, terá de fazer o mesmo com os deputados estaduais e federais, Jefferson escreveu na rede social:
“Comunicado à Praça. Comunico que o diretório regional do RS foi dissolvido. O deputado Luiz Augusto Lara (sic) não fala mais como presidente regional do partido, ele representa seu próprio mandato, mas não fala pelo PTB”.
Engano de Jefferson. Luis Augusto Lara fala pelo PTB, até porque ele, presidente nacional, não tem poder para destituir um diretório legalmente constituído. E reagiu assim à ameaça:
— Nós somos um diretório, com mandato até 2022, e não uma comissão provisória. Respondemos perante a Justiça Eleitoral. Não é um canetaço que destitui o diretório. Precisa que os membros renunciem ou que o diretório nacional, e não apenas seu presidente, aplique algum tipo de sanção. Existe um caminho legal a ser percorrido.
Foi para “não entregar a cabeça de Ranolfo”, um homem respeitado dentro e fora do PTB, que os deputados estaduais e federais optaram pela nota em que cerram fileiras em torno do secretário da Segurança.
— Não é a primeira vez que Jefferson faz esse tipo de ameaça, mas não vamos aceitar. Nosso partido não tem dono, não tem caudilho. Com PTB ou sem PTB, estamos todos unidos — avisa Lara.
Há alguns meses, também por rede social, Jefferson anunciou que dissolveria o diretório regional e entregaria o comando a pessoas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro, a quem ele convidou para ingressar no PTB. À época, ficou só na ameaça.
O entendimento dos deputados é de que uma possível desfiliação de Ranolfo enfraqueceria o grupo. Por isso, se Jefferson insistir em expulsar o vice-governador, o grupo deve migrar unido para outro partido. Sem os deputados, o PTB virará um partido nanico no Rio Grande do Sul, mesmo que parte dos vereadores e prefeitos permaneçam.
Lara prevê uma batalha jurídica:
— Deixa o tempo arrumar isso. O que vamos fazer, dentro ou fora do PTB, será definido nos próximos meses.
Em mensagens de áudio que circulam em grupo de WhatsApp do diretório nacional do PTB, Roberto Jefferson faz duros ataques a Ranolfo e recomenda que ele e os deputados que o apoiaram saiam do PTB. Diz que “já vão tarde”. Com o linguajar baixo que lhe é característico, Jefferson ataca também os governadores Eduardo Leite e João Doria, por terem adotados medidas restritivas, que ele chama de “lockdown radical” e recomenda que os parlamentares do PTB migrem para o PSDB, para poderem continuar no governo.
Diante das baixarias do presidente nacional do PTB, a convivência de Ranolfo e dos parlamentares gaúchos no partido torna-se insustentável. Os áudios, pelo nível da agressão e pela sugestão de que deixem o partido, podem ser usados em um eventual processo pelos que deixarem o PTB, se o partido tentar tomar seus mandatos com acusação de infidelidade partidária.
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