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Faleceu nesta sexta-feira (12), aos 74 anos, o advogado, sociólogo e ex-presidente do Tribunal de Justiça Militar (TJM) do Rio Grande do Sul João Carlos Bona Garcia. Vítima da covid-19, ele estava internado no Hospital da Brigada Militar, em Porto Alegre, há 19 dias.
Natural de Passo Fundo, Bona Garcia ingressou no movimento estudantil aos 17 anos, participou da luta armada contra a ditadura militar, foi torturado e passou oito anos no exílio, primeiro na Argentina, depois no Chile, Argélia e França.
Retornou ao país em 1979, com a anistia, e ajudou a fundar o PMDB em Passo Fundo, onde chegou a concorrer a prefeito. Formou-se em Direito e, em Porto Alegre e exerceu diversos cargos públicos, como secretário geral do partido, presidente da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos, presidente do Banrisul e chefe da Casa Civil no governo de Antônio Britto, que o indicou para ser juiz do TJM em 1998.
Em 2014, coordenou as finanças da campanha ao Piratini de José Ivo Sartori. Quatro anos depois, criticou publicamente o anúncio de apoio do MDB gaúcho e da candidatura Sartori ao então presidenciável Jair Bolsonaro, que ele considerava "uma pessoa racista, que despreza as mulheres, apoia a ditadura, é a favor de matar as pessoas e a favor da tortura".
A história de Bona Garcia foi contada no livro Verás que um filho teu não foge à luta e retratada no filme Em teu nome, de Paulo Nascimento, que recebeu o Prêmio Especial do Júri na edição de 2009 no Festival de Cinema de Gramado. O papel dele, jovem, foi interpretado por Leonardo Machado, que levou o Kikito de Melhor Ator. Fernanda Moro interpretou sua esposa, Célia.
Leonardo morreu em setembro de 2018. No velório, no Teatro Renascença, Bona era um dos mais abatidos com a morte de Leo, de quem se tornara amigo.
— Quem poderia imaginar que ele fosse antes de mim? — questionou, aos prantos.
Nesta sexta-feira, ao saber da morte do amigo, com quem conversara pouco antes de ser internado, Paulo Nascimento lamentou a perda:
— Bona é alguém que sonhou e lutou por um país justo e humano. Foi derrotado exatamente pela falta de humanidade, pela mente criminosa de um governo genocida que está matando famílias, esperanças, histórias de vida. Mas um dia “eles” serão lembrados como os genocidas que foram e Bona como alguém cuja passagem pela terra vale a pena. Tenho muito orgulho de ter convivido com você, Bona.
Nora de Bona, a jornalista Edith Auler escreveu em seu perfil no Facebook: "Como nora, posso dizer que tive enorme orgulho de conviver com esse grande homem. Que cumpriu com maestria seu papel de pai, marido, avô superpresente, irmão, amigo e companheiro. Sobretudo, tenho orgulho de toda a representatividade de seu legado à história da democracia deste país. Lutou todos os dias de sua vida por mais igualdade".
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), também expressou a tristeza com a perda:
"É com profundo pesar que recebo a notícia do falecimento do Dr. João Carlos Bona Garcia. Meu amigo do peito de lutas e caminhadas. Meus sentimentos aos familiares e amigos", escreveu Melo, no Twitter.
Além da esposa Célia, Bona deixa os filhos Rodrigo, Luciano e Diego e os netos Lucca, Arthur, João Paulo, Cecília e Pedro.
Por causa da pandemia, a cerimônia de despedida será restrita à família.