Os números que serão apresentados aos presidentes das 27 associações regionais de municípios nesta quinta-feira (25), a partir das 14h, indicam que a situação da pandemia no Rio Grande do Sul subiu de patamar. Os principais indicadores apontam para a expansão da área sob bandeira preta, que hoje cobre 11 regiões, onde vive 68% da população. Antes de propor qualquer medida, o governador Eduardo Leite vai ouvir os prefeitos, que, na segunda-feira (22), defenderam a cogestão, para não ter de adotar restrições severas.
— Minha caneta tem menos tinta do que imaginam. O poder do governador é menor do que pensam. Não é no canetaço que essas coisas se resolvem. Preciso do ambiente político com a adesão mínima de forças pra fazer valer algo tão rigoroso como a bandeira preta — disse Leite à coluna.
O secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb, que coordena os comitês científicos e de dados, reforça a dramaticidade do quadro:
— Diariamente temos piorado em números. Ainda não vemos reversão. É o pior momento da pandemia. Não há dúvidas da gravidade — sintetiza Lamb.
Voto vencido na reunião do início da semana, o presidente da Famurs, Maneco Hassen, vai propor que o Estado adote as restrições de bandeira preta por 10 ou 15 dias, como forma de conter a circulação do vírus. Argumenta que diante, da falta de leitos, expressa nos boletins atualizados em tempo real, não resta alternativa. A Hassen, preocupa o tamanho da lista de espera por um leito, que não para de crescer.
O comitê científico encaminhou a Leite nesta quarta-feira uma nova recomendação para que sejam adotadas medidas mais duras. O texto começa dizendo que “estamos na situação mais crítica da pandemia de covid-19 desde março de 2020 quando esta chegou ao Rio Grande do Sul”.
Destaca que o nível de ocupação de leitos ocorre em velocidade sem precedente, com 2.260 internados em leitos clínicos no dia 23 de fevereiro e 1.218 em UTIs, e a expectativa de crescimento de mais de 150 internações em enfermaria e 50 em UTIs por dia.
E alerta: “Os dados disponíveis mostram que um em cada três pacientes internados na UTI por covid-19 vão morrer em função da evolução da doença. A carga de sofrimento para a sociedade é enorme. Os serviços de saúde do Estado e de Porto Alegre e da Região Metropolitana estão operando próximo ao limite das suas capacidades, com várias UTIs com 100% de lotação”.
Depois de detalhar o quadro com gráficos e tabelas, o comitê destaca que a mortalidade aumenta quando ocorre o esgotamento do sistema de saúde, por quatro motivos, no caso dos pacientes de covid-19:
- Maior tempo de espera até o paciente receber atenção em saúde;
- Falta de leitos, medicamentos e outros insumos, como oxigênio;
- Maior número de pacientes por equipes de saúde, o que reduz a qualidade da atenção;
- Necessidade de deslocamento de outros profissionais para as equipes de atendimento, o que resulta em equipes sem o mesmo grau de conhecimento especializado que as equipes experientes.
Para os pacientes com doenças cardíacas, câncer, e vítimas de acidentes, o colapso se traduz em falta de leitos e insumos para todos, suspensão de cirurgias eletivas e outros atendimentos, o que pode piorar o prognóstico a médio e longo prazo.
Em letras maiúsculas, o comitê alerta: "É fundamental que a sociedade compreenda o momento que estamos vivendo. A situação que já é crítica, pode se agravar muito rapidamente, com explosão de casos e de mortalidade e esgotamento do sistema de saúde. Agora é hora de união de esforços pelo bem comum. A situação é gravíssima e tende a piorar. As aglomerações, festas e eventos aumentam a transmissão, o que pode impedir o setor produtivo de funcionar. Precisamos buscar soluções unificadas como sociedade. Controlar a pandemia e recuperar a economia são prioridades. Quanto maior for a união e a conscientização, mais rapidamente poderemos sair da crise. O manejo efetivo de contenção da circulação do vírus na comunidade necessita o engajamento de toda a sociedade".
A nota se encerra a recomendação de adoção dos protocolos de bandeira preta e a aplicação das seguintes medidas:
- Realizar uma campanha de comunicação massiva sobre a gravidade da situação, envolvendo gestores, sociedade civil organizada, sistema público e privado de saúde e toda a população;
- Enfatizar que a via de transmissão respiratória (gotículas e aerossóis) é a mais importante e que, portanto, são fundamentais: o uso de máscaras bem ajustadas, a ventilação de ambientes e a manutenção do distanciamento físico entre pessoas;
- Suspensão imediata da cogestão;
- Poderão ser consideradas adaptações específicas nos protocolos das bandeiras para incorporar novas evidências, de modo a permitir um equilíbrio entre as necessidades de cada setor e a redução da circulação de pessoas. Uma sugestão é que cada setor possa avaliar, dentro da bandeira preta, como poderia aumentar sua segurança de funcionamento.
Bares fechados
O governo do Estado cogita antecipar o fechamento de bares para as 15h no próximo domingo (28), quando o Grêmio disputa a primeira partida da final da Copa do Brasil. A mudança no horário do jogo chegou a ser solicitada, mas o pedido não foi atendido pela CBF.
Alerta vermelho
No caso do jogo do Inter , nesta quinta-feira, os estabelecimentos de comércio e serviços terão de fechar uma hora e meia antes do início da partida. O governo, no entanto, está em alerta para o pós-jogo, em que os colorados podem comemorar o título do Campeonato Brasileiro.
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