Escrito às pressas na segunda-feira (4), porque a regra anterior perdia a validade à meia-noite, o decreto que regula as atividades econômicas e sociais nasceu confuso. Embora o enunciado do prefeito Sebastião Melo e de sua equipe fosse de um alinhamento com a legislação estadual, algumas medidas colidiam com as normas previstas para as regiões em bandeira vermelha, classificação de Porto Alegre.
Essa assimetria, que os secretários de Melo prometeram corrigir, semeou incerteza entre empresários, gestores de clubes e até síndicos de condomínio, que não sabiam se podiam manter as piscinas abertas, se deviam fechar o parquinho, e se dava para liberar as churrasqueiras.
A partir deste sábado (9), com o acordo de cogestão a ser assinado com os prefeitos da Região 10 (Alvorada, Viamão, Cachoeirinha, Gravataí e Glorinha), ampliam-se as liberações. A Capital e seus vizinhos adotarão os protocolos exigidos para as regiões de bandeira laranja, mesmo tendo ficado outra vez na vermelha, com aumento expressivo das internações por covid-19.
Melo tem dito que não adianta Porto Alegre restringir as atividades econômicas se as pessoas vão para o Litoral no fim de semana, onde tudo está liberado. O prefeito espera bom senso e respeito aos protocolos, para que não seja necessário fechar a cidade, como ocorreu com Manaus e, a partir de segunda-feira, com Belo Horizonte.
— Neste processo, é fundamental a conscientização e o comprometimento dos cidadãos, para as atividades serem retomadas com responsabilidade. É possível resgatarmos a rotina da cidade, respeitando os protocolos. O grande problema está nas aglomerações clandestinas que não cumprem as regras — disse o prefeito.
As imagens de praias e bares lotados por pessoas sem máscara atestam que bom senso é um produto em falta no Rio Grande do Sul e nos principais Estados brasileiros.
Com a cidade esvaziada pelas férias, é improvável que ocorram aglomerações em lojas, restaurantes, salões de beleza, parques e academias de ginástica. Por isso, o foco da fiscalização, em Porto Alegre, estará nos bares, onde os jovens que não foram para o Litoral costumam se aglomerar.