O que é mais importante para uma criança: comemorar aniversário em uma festa com os amigos ou retornar à escola? O que é mais perigoso em meio à pandemia de coronavírus: frequentar a sala de aula, com uma turma reduzida, ou participar da festa em uma casa de eventos com até 100 pessoas (70 se o município estiver em bandeira laranja), ainda que nos dois casos se respeitem os protocolos de segurança?
Foi a partir de perguntas como essa que o gabinete de crise do governo do Estado manteve a proposta inicial de só autorizar liberação de eventos nas cidades em que os prefeitos autorizarem a retomada das aulas.
Gestores municipais de diferentes partidos acusam o governo de chantagem. Alegam que os eventos em geral movimentam a economia e que são situações incomparáveis. Não são. Nos dois casos, existe algum risco. Nos dois casos, caberá aos pais decidirem se querem mandar os filhos para a escola imediatamente ou se preferem (caso tenham condições) manter as crianças com aulas pela internet.
O presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Maneco Hassen (PT), diz que na reunião marcada para as 15h desta quarta-feira (21) os prefeitos vão tentar convencer o governador Eduardo Leite a respeitar a autonomia dos municípios.
— Até aqui, tivemos sempre muito diálogo. Entre os prefeitos, há muita diversidade de opinião, mas não queremos que a liberação dos eventos seja condicionada à volta às aulas. Cada prefeito sabe a realidade do seu município e avalia se pode liberar casamento, aniversário, aula. Não é de bom tom condicionar uma coisa a outra.
Hassen admite que a eleição pesa na resistência dos prefeitos ao retorno das aulas presenciais:
— A eleição é um fator determinante. Não podemos tapar o sol com a peneira.
Além do medo de perder votos e da apreensão com um possível surto de covid-19 entre as crianças, os prefeitos têm uma preocupação adicional com a possibilidade de terem as contas rejeitadas caso façam contratações e gastos não autorizados no período eleitoral para preparar as escolas e suprir a falta de professores do grupo de risco.
— Fizemos consultas ao Tribunal de Contas e ao Tribunal Regional Eleitoral e não obtivemos resposta — reclama o presidente da Famurs.
Aliás
Prefeitos do Litoral que suspenderam as aulas presenciais no ano de 2020 aceitarão cancelar os eventos que provocam aglomerações na temporada de verão?
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