Dos 13 candidatos que disputam a prefeitura de Porto Alegre, apenas quatro não têm qualquer vínculo com pelo menos um dos adversários para se arrepender ou virar motivo de constrangimento: Fernanda Melchionna (PSOL), Julio Flores (PSTU), Montserrat Martins (PV) e Luiz Delvair (PCO). Os outros nove estiveram, em algum momento, ligados política ou pessoalmente a adversários com quem disputam votos. Nos casos em que o rompimento se deu de forma mais barulhenta, evitam se dirigir perguntas nos debates.
Há quatro anos, o prefeito Nelson Marchezan (PSDB) e seu vice, Gustavo Paim (PP) pareciam nascidos um para o outro na política. Marchezan com experiência parlamentar, Paim debutando em eleições, formaram a dupla vencedora, mas logo nos primeiros meses no poder começaram a aparecer as divergências. O vice reclamava de não ser ouvido pelo prefeito e e de não ter autonomia para fazer acordos que garantissem a aprovação de projetos na Câmara, já que era o responsável pelas relações institucionais.
Marchezan também queixava-se de Paim e a relação desmoronou. Romperam de vez em 2019 e o prefeito demitiu até os assessores do vice, que se lançou pré-candidato a prefeito.
Sebastião Melo (MDB) foi vice de José Fortunati (PTB) de 2013 a 2016. Não tiveram rusgas aparentes e Fortunati, que não podia concorrer porque assumira o mandato de José Fogaça em 2010, apoiou a candidatura do vice. Seu partido à época, o PDT, indicou a deputada Juliana Brizola como vice. Hoje, os três são candidatos. Melo não esperava ter Fortunati como adversário, mas foi surpreendido no final de março com a entrada do ex-prefeito no PTB, para tentar voltar ao Paço.
Valter Nagelstein (PSD), que se apresenta como a novidade da eleição, porque nunca foi prefeito ou vice, participou dos dois governos de Fortunati. Foi secretário municipal de Produção, Indústria e Comércio (2010-2012) e de Urbanismo (2015-2016). Além disso, esteve no MDB, partido de Melo, até março deste ano.
Embora nunca tenha sido prefeita, a candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila, deu o pontapé inicial na carreira política de dois dos adversários nesta eleição: João Derly (Republicanos) e Rodrigo Maroni (Pros), que não perde oportunidade de atacá-la.
Sem o apoio dela, é improvável que os dois tivessem sido eleitos com as próprias forças. A João Derly, Manuela cedeu em 2014 o número 6565 com o qual se elegera a deputada federal mais votada do Rio Grande do Sul em 2006 e 2010. Derly foi 0 22º mais votado entre os 31 deputados federais eleitos naquele ano e Manuela sagrou-se mais uma vez campeã de votos, concorrendo a deputada estadual, com mais do que o dobro de votos do seu protegido.
Maroni era um desconhecido professor de ioga até a campanha de 2012, quando Manuela disputou pela segunda vez a prefeitura (e perdeu para José Fortunati) e ele concorreu a vereador, grudado na imagem dela, de quem era noivo. Fez apenas 2.061 votos e ficou em 62º lugar, mas em 2015 herdou a cadeira de João Derly, que renunciou para assumir como deputado federal. Em 2016, já filiado ao PR e usando os animais como bandeira, foi o quarto entre os eleitos, com 11.770 votos.