Inovador no formato, com os candidatos dentro dos seus carros para evitar aglomerações, o primeiro debate da campanha para prefeito de Porto Alegre colocou o eleitor no centro da arena, com perguntas da vida real, que deveriam ter sido respondidas de forma mais objetiva pelos concorrentes. De diferentes bairros de Porto Alegre, o repórter Tiago Boff captou perguntas que milhares de outros eleitores gostariam de fazer.
A distância física não impediu que os candidatos travassem os confrontos que vão marcar a eleição. Ficou evidente que o prefeito Nelson Marchezan (PSDB) será o alvo de quase todos os adversários, com maior ou menor grau de agressividade. E que, de sua parte, a estratégia é não perder tempo com os que estão na disputa apenas para tumultuar ou marcar posição em defesa de uma causa.
Marchezan escolheu o adversário para o primeiro turno: será o ex-prefeito José Fortunati (PTB). Usando outros candidatos como escada, os dois protagonizaram um confronto à parte.
Para atacar o prefeito, que desde a posse não poupa crítica a sua gestão, Fortunati fez uma aliança estratégica com Fernanda Melchionna, conhecedor do tom agressivo da candidata do PSOL. Nessa postura detecta-se uma das mais antigas lições do marketing político: se o eleitor rejeita candidatos agressivos, faça outro que não tem nada a perder falar do adversário que você quer desconstruir.
Pelo que se viu, Marchezan e Fortunati serão os que mais darão trabalho aos repórteres do GDI encarregados de checar a veracidade do que dizem os candidatos.
Acuado, o atual prefeito usou as brechas para falar das realizações de seu governo, mas na maioria das vezes não conseguiu completar o raciocínio. No fim, conseguiu um direito de resposta por ter sido atacado por Melchionna e aproveitou para fustigar Fortunati, cobrando dela por não ter, como vereadora, feito nada para investigar os escândalos no DEP, na Fasc e em outras áreas da prefeitura no governo do ex-prefeito.
Manuela D’Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB) adotaram estratégias semelhantes, de evitar ataques e fazer um debate propositivo. Manuela em quase nada lembrava a candidata agressiva de arroubos juvenis de sua última eleição para a prefeitura de Porto Alegre. Foi cordial com todos, especialmente com Juliana Brizola (PDT), encaminhando pergunta sobre educação e citando o avô dela, Leonel Brizola, já de olho em um eventual segundo turno. Juliana deixou as creches noturnas e escolas de tempo integral como principais propostas, mas, como os demais candidatos, não deixou claro como viabilizá-las.
Na condição de vice-prefeito que rompeu com o titular, Gustavo Paim (PP) tentou um malabarismo: ser governo, no que está dando certo, e oposição no que não está. Seu bordão é “deu de crise”, numa clara alusão aos embates com Marchezan. Ao lado de Melchionna, que se declarou de esquerda, foi o único que assumiu o carimbo ideológico de candidato de centro-direita.
Valter Nagelstein (PSD) tentou se apresentar como a novidade, dizendo que não governou a cidade, ao mesmo tempo em que explorou suas iniciativas como secretário da Indústria e Comércio, sobretudo em projetos para a revitalização do Quarto Distrito. Para surpresa de quem assistiu ao debate, não se declarou o legítimo representante da direita, como costuma se definir.
Com a bandeira do empreendedorismo, João Derly (Republicanos) teve dificuldade para ocupar o tempo. Falta-lhe treino para o debate já que nunca disputou eleição majoritária e no Legislativo raramente ocupou a tribuna.
Candidato do minúsculo Partido Verde, Montserrat Martins deixou claro que está na disputa apenas para defender o meio ambiente, repetindo o que fez quando concorreu a governador.
Agressivo, como costuma ser em suas intervenções na Assembleia, Rodrigo Maroni (Pros), mostrou que entrou na eleição para achincalhar os adversários, embora diga que seu objetivo é defender os animais. Nada acrescentou ao debate.
Eterno candidato, Julio Flores (PSTU) repetiu o mesmo discurso de eleições anteriores sobre o projeto socialista de poder, mas foi respeitoso com os demais candidatos. Luiz Delvair, que concorre pelo inexpressivo PCO, revelou um repertório limitado e, ignorando as perguntas, atacou o presidente Jair Bolsonaro e defendeu o ex-presidente Lula.
Análises e comentários
Veja a análise do primeiro embate entra candidatos a prefeito pelos colunistas de GZH:
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