A decisão do prefeito Nelson Marchezan de abrandar as medidas restritivas que entrarão em vigor na terça-feira (16) em Porto Alegre passou por conversas e reuniões virtuais com entidades empresariais e políticos durante o final de semana. Na noite deste domingo, Marchezan anunciou a autorização do funcionamento de empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano. O corte anterior era de R$ 360 mil por ano. Também será autorizado o funcionamento de shoppings centers, que antes seria suspenso.
Dos empresários, Marchezan ouviu que seria inadequado decretar o fechamento de shoppings e o aperto nas regras para restaurantes, já que os setores estão entre os que mais adotam protocolos de higiene. De vereadores, escutou reclamações de que as medidas foram adotadas sem discussão com o Legislativo.
As pressões por mudanças perduraram durante todo o final de semana. Além de críticas públicas de vereadores da base aliada, o prefeito recebeu uma carta de dirigentes do PL e do PSL, dois partidos que já garantiram apoio à sua reeleição, com posição contrária às medidas anunciadas na sexta-feira — o presidente do PSL recuaria depois.
Neste domingo, de casa, o prefeito se reuniu virtualmente por mais de uma hora com representantes dos setores do varejo, da alimentação, de shopping centers, da construção civil e de supermercados. Embora não tenha aberto negociação com as entidades empresariais, Marchezan explicou o teor das novas medidas e ouviu ponderações.
— Colocamos ao prefeito que o comércio já está trabalhando com 50% da capacidade, até em função do decreto estadual que exige essa quantidade — disse o presidente do Sindilojas, Paulo Kruse.
Vereadores reclamaram de falta de comunicação
Na videoconferência com os vereadores, que durou quase três horas, a cobrança foi pela falta de comunicação com a Câmara. Assim que o prefeito anunciou as novas restrições, os parlamentares começaram a receber mensagens de empresários pedindo que intercedessem junto ao Executivo para a reavaliação das medidas. Como a maioria soube das mudanças pela imprensa, o sentimento geral foi de desprestígio.
Nádia Gerhard (DEM), que foi secretária na de gestão Marchezan e é pré-candidata a prefeita, foi a responsável pelas cobranças mais incisivas e justificou que a Capital não necessitaria de novas restrições, já que permaneceu em bandeira laranja no modelo de distanciamento controlado imposto pelo governo do Estado.
— Todos os empresários investiram em segurança (sanitária), aportaram dinheiro em EPIs, máscara, álcool gel e higienização para ter condições de abrir. Não seria justo responsabilizar essas pessoas pelo aumento do número de contágios — afirmou a vereadora.
À noite, em entrevista coletiva, Marchezan disse que o diálogo com vereadores e empresários é permanente e que a decisão pelas novas regras também passou pelo comitê técnico de enfrentamento ao coronavírus. Segundo o prefeito, nenhuma alteração foi feita por uma demanda isolada:
— A gente tenta escutar a visão geral dos vereadores, e escutar diretamente a sociedade e adequar as a proteção à saúde em relação à realidade e à vida de Porto Alegre