Foram sem público e sem formalidades as posses dos dois novos secretários de Eduardo Leite. Para evitar aglomerações, Leite apenas passou no gabinete de Rodrigo Lorenzoni, secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico, e de Mauro Hauschild, que assumiu a pasta da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. Com todos usando máscara, Leite disse que foi apenas dar as boas vindas e marcar o início do trabalho.
A terceira mudança, a fusão da Secretaria de Governança e Gestão Estratégica com a de Planejamento e Gestão, amplia o poder do secretário Cláudio Gastal, que acompanha Leite desde antes da eleição e participou da montagem do governo.
A troca em plena pandemia contraria a intenção inicial de Leite de só promover alterações quando a situação sanitária do Estado voltasse ao normal. Como ninguém sabe quando isso vai ocorrer, o governador acabou fazendo as alterações para preencher um posto estratégico, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, que estava sem titular desde a saída de Ruy Irigaray, em 17 de fevereiro, e resolver duas situações que haviam se tornado insustentáveis.
Desde o início do ano a substituição de Catarina Paladini na Secretaria de Justiça era exigida pelo presidente do PL, Giovani Cherini.
— Catarina se filiou ao PL para assumir o cargo, mas não correspondeu à confiança do partido — sintetiza Cherini.
Para a pasta, Cherini bancou o nome de Hauschild, ex-presidente do INSS que chegou a assumir interinamente o Ministério da Previdência, mas que estava afastado da vida pública, criando peixes em Bom Retiro do Sul. Presidente do PL municipal, Hauschild levou para o partido o prefeito Edmilson Busatto.
A outra situação insustentável era a de Leany Lemos no Planejamento, por divergências com outros secretários, especialmente com o da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso. Ela veio de Brasília, funcionária concursada do Senado e ex-secretária do Planejamento de Rodrigo Rollemberg em Brasília. Ele do Rio, cedido pelo BNDES. No início, formaram uma dupla afinada, mas nos últimos meses as divergências se tornaram inconciliáveis. A solução salomônica de Leite foi convidar Leany para comandar o BRDE.
Com a responsabilidade ampliada, Gastal diz que seu desafio é manter em alto nível as atividades das duas pastas que agora se fundem e identificar pontos de sobreposição que podem ser eliminados em nome da eficiência. Como haverá unificação de estruturas, os recursos humanos e materiais serão redistribuídos para permitir a separação de Turismo e Desenvolvimento Econômico sem aumento de gastos.
— Mudam-se as pessoas, mas não muda o propósito. Antes tínhamos um barco navegando me mar revolto, que era a crise financeira do Estado. Agora, tivemos uma tempestade nomeio, mas sabemos a que porto queremos chegar — compara Gastal.
Responsável pelo programa de digitalização do governo, Gastal diz que a pandemia acabou acelerando o processo de transformação da forma de se trabalhar e, em algumas áreas, os custos caíram e a produtividade até aumentou.
De volta para o PTB
Com a divisão da secretaria em duas, o Turismo ficará com Rodrigo Lorenzoni (DEM) e o Desenvolvimento Econômico deve ser entregue a um indicado pelo PTB, que ganhou a pasta no início do governo e abriu mão para acomodar o PSL.
Parcerias para driblar a crise
O Turismo responde por 8% do PIB do Rio Grande do Sul é uma das atividades mais afetadas pela pandemia. Com orçamento enxuto, Rodrigo Lorenzoni aposta nas parceiras com o governo federal, a iniciativa privada e os municípios.