Ao entardecer da sexta-feira (29), o Palácio Piratini anunciou oficialmente a saída de uma das principais estrelas da equipe original do governador Eduardo Leite. A secretária de Planejamento, Leany Lemos, que Leite trouxe de Brasília, emprestada pelo Senado, deixa o cargo depois coordenar a reforma administrativa encaminhada no ano passado e o modelo de distanciamento controlado que está sendo copiado por outros Estados.
A ideia de Leany, que pediu demissão no início de maio, era retornar para Brasília, mas Leite a convenceu a assumir uma diretoria no BRDE. Como a nomeação para a diretoria de bancos públicos precisa passar pelo Banco Central e o processo demora cerca de dois meses, nesse tempo a agora ex-secretária seguirá trabalhando com Leite no monitoramento do programa de distanciamento controlado, como coordenadora do Comitê de Dados e integrante do gabinete de crise.
Com a mãe e dois filhos morando em Brasília e uma filha em São Paulo, Leany foi cobrada pela família a deixar o Rio Grande do Sul no início da pandemia, mas resistiu. Entendeu que tinha um compromisso com o Estado e que daria o melhor de si na preparação para o enfrentamento da pandemia. Embora não queira falar nos motivos de sua saída, nos bastidores a informação é de que, desde o ano passado, o protagonismo da secretária vinha causando ciúme em outros integrantes do governo.
Dona de uma personalidade forte, Leany comprou brigas no ano passado com secretários, deputados e sindicatos para defender a reforma que, contrariando as previsões mais otimistas, Leite conseguiu aprovar. Com a ida da secretária para o BRDE, Leite perde no centro de governo uma técnica que, para surpresa de quem achava que é economista, tem formação em Letras, pleno domínio dos números e experiência em gestão pública.
Dura nas negociações para a elaboração do orçamento, arranjou desafetos nos três poderes pela firmeza com que defendeu os cortes propostos pelo governador.
Recriada por Leite, a Secretaria do Planejamento volta a se fundir com outra pasta, como ocorreu no governo de José Ivo Sartori. As atribuições da pasta passam para o secretário-geral de Governo, Claudio Gastal.
Pedra cantada
A saída de Catarina Paladini da Secretaria de Justiça era pedra cantada desde o início do ano. A surpresa é a escolha de Mauro Hauschild, ex-presidente do INSS, para o cargo.
Atritado com o presidente do seu partido, Giovani Cherini, Paladini ganhou uma sobrevida com a pandemia, razão pela qual o governador Eduardo Leite também retardou a nomeação do sucessor de Ruy Irigaray na Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico.
Suplente de Irigaray na Assembleia, Rodrigo Lorenzoni era, desde o início o candidato natural. A novidade é que a secretaria será desmembrada e, no futuro, ele ficará apenas com o Turismo.