A resistência do presidente Jair Bolsonaro em mostrar o teste que teria dado negativo para coronavírus, mesmo com determinação judicial, soa como uma confissão de que tem algo a esconder. Se o resultado deu mesmo negativo, por que não mostrar?
Diferentemente do que dizem os áulicos (e o próprio presidente) não se trata de violação da intimidade, nem pode ser comparado a um teste de HIV, que só interessa ao parceiro (a) do infectado (a).
Em se tratando de um vírus com alto poder de transmissão, se o presidente testou positivo e, mesmo assim, circulou pelo Distrito Federal, desafiando a orientação das autoridades sanitárias, sua conduta pode ser enquadrada como crime.
A ordem para que Bolsonaro apresentasse o resultado do teste foi dada pela juíza Ana Lúcia Petri Netto, na segunda-feira (27), em ação movida pelo jornal O Estado de S.Paulo. Nesta quinta-feira (30), Bolsonaro disse que se sentiria violentado se tiver de mostrar o resultado do exame e que, provavelmente, a Advocacia-Geral da União, já deve ter recorrido. A juíza deu prazo deu 48 horas para que o exame fosse revelado, sob pena de multa de R$ 5 mil.
Aliás
Na visita a Porto Alegre, o presidente Jair Bolsonaro tentou apertar a mão dos poucos convidados para a transmissão de cargo no Comando Militar do Sul, mas as precavidas autoridades ofereceram apenas um toque de cotovelo. Quem garante que ele não está com o vírus?
Candidato a best-seller
No dia em que disse ter relido o mito da caverna, de Platão, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mostrou erudição, embora estivesse fazendo uma clara provocação ao presidente Jair Bolsonaro, com quem vinha às turras. Agora, Mandetta passa de leitor a autor: o livro que está escrevendo sai no segundo semestre deste ano com o selo da Companhia das Letras.
Mandetta tem muito a contar. A dúvida é se vai mesmo relatar os bastidores de sua queda do Ministério da Saúde ou ater-se ao que já é público. O material de divulgação da editora diz que ele “contará, semana a semana, os aproximadamente cem dias em que esteve à frente do ministério combatendo o coronavírus”.