O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Faltava pouco para as 5h do sábado quando a escola de samba Império da Zona Norte deu a largada em seu desfile de Carnaval de 2020 no Porto Seco, com um homenageado ilustre. O enredo “O Galo Missioneiro canta na Zona Norte” celebrou a trajetória do ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador Olívio Dutra (PT).
Olívio desfilou ao lado da esposa, Judite, em carro alegórico que apresentou um galo gigante entre os leões alados, que simbolizam a escola.
Aos 78 anos, de chapéu na mão, o ex-governador sambou e saudou a plateia durante todo o percurso de 50 minutos e ainda atendeu quem parava para pedir selfies na dispersão.
Na mesma ala de Olívio, desfilaram vários companheiros da política, como a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), o ex-vice-governador Miguel Rossetto e os deputados Henrique Fontana e Sofia Cavedon, do PT.
Antes do desfile, o ex-governador levou o filho Espártaco e o neto Benício, de quatro anos, até um carro alegórico que representou os Sete Povos das Missões e contou a história da região da qual é proveniente. Nascido em Bossoroca, Olívio passou boa parte da vida em São Luiz Gonzaga antes de migrar à Capital.
Ouça e leia a letra do samba-enredo em homenagem a Olívio
O Galo missioneiro canta na Zona Norte
Autores: Vinicius Brito, Vinícius Maroni, Tom Astral e Saimon
“Co Yvy Oguereco Yara”
O brado Guarani rasgou a mata
Um choro de menino anuncia a missão
Honrando sua gente
Demarcando o seu quinhão
O “Galo” despertou aos olhos de Jaci
Destino na garupa, é hora de partir
Madrugadas pela estrada
Guiado pela benção de uma cruz
Semeia, então, no cabo da enxada
A força de Sepé Tiaraju
Vai, meu guri!
Que o velho Cassiano cá está
Não há mordaça que vá te calar
O beijo de Amélia encoraja a jornada
Levante a poeira encarnada
Sem medo, vai à luta, companheiro!
Que a farda é desespero
Cobre quem não tem razão
Enfrenta a aliança do dinheiro
O bolso não te representa, não!
Ele não nos representa, não!
A cada passo, a cada beco, rumo ao Paço
Reúne sonhos numa frente popular
Partilha anseios, assenta ideais de vida
Faz do vermelho lança erguida
E da Matriz à Esplanada vai brilhar
Sou trabalhador da Zona Norte
Sou resistência, ninguém solta a minha mão
Imperiano destinado à própria sorte
No fio do bigode, Olívio é revolução