Ao deixar o Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro debochou da pesquisa do Datafolha que mostrou queda na sua popularidade e discordância dos entrevistados com frases polêmicas ditas por ele nos últimos meses. É um direito de Bolsonaro não acreditar no Datafolha, mas outra pesquisa divulgada no mesmo dia, a XP/Ipespe, aponta resultado idêntico, respeitada a margem de erro.
No Datafolha, com margem de erro de dois pontos percentuais e 2.878 pessoas entrevistadas nos dias 29 e 30 de agosto, Bolsonaro tem 38% de ruim e péssimo e 29% de bom e ótimo. Na XP/Ipespe, realizada entre 27 e 29 de agosto, com mil entrevistas e margem de erro de 3,2 pontos percentuais, deu 41% de avaliação negativa e 30% de positiva.
Nos dois casos, a curva de aprovação é descendente e a de reprovação, ascendente. Os números, de acordo com os dois institutos, são os piores de um presidente aos oito meses do primeiro mandato. No caso da XP, os dados mostram que os índices de ruim e péssimo mais que dobraram entre fevereiro e agosto, passando de 17% para 41%. Os de bom e ótimo caíram de 40% para 30%.
Traduzido em notas, para facilitar a comparação com o desempenho de um aluno, em uma escala de zero a 10, Bolsonaro caiu de 6,7 em fevereiro para 5,5 em agosto. O presidente tem avaliação inferior a do ministro da Justiça, Sergio Moro, seu auxiliar mais popular. Moro tinha 7,3 em janeiro e tem 6 agora.
Tão importantes quanto os números são as pistas de por que a popularidade caiu. O Datafolha apresentou aos entrevistados algumas frases ditas pelo presidente ao longo das últimas semanas. A discordância foi de 70% em relação à frase em que justificou a escolha do filho Eduardo para a embaixada do Brasil em Washington. Outros 27% disseram concordar com a afirmação.
— Pretendo beneficiar um filho meu, sim. Pretendo, está certo. Se puder dar um filé mignon ao meu filho, eu dou —disse Bolsonaro no dia 18 de julho, em transmissão ao vivo em redes sociais.
A campeã de rejeição, com 88%, foi a frase debochada sobre sobre preservação ambiental, de 9 de agosto, quando a crise envolvendo as queimadas na Amazônia estava no início. Perguntado sobre como conciliar desenvolvimento e preservação ambiental, Bolsonaro respondeu:
—É só você deixar de comer um pouquinho. Você fala para mim em poluição ambiental. É só você fazer cocô dia sim, dia não.
A maioria absoluta (69%) também discordou da afirmação de que "daqueles governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara".