A rapidez com que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acompanhou o relator Edson Fachin e impediu a transferência do ex-presidente Lula para o presídio de Tremembé, em São Paulo, indica que houve uma opção prévia pela prudência.Em vez de libertar Lula, como queria a defesa, e incendiar o país, os ministros optaram pelo caminho da sobriedade.
O Supremo frustrou os inimigos de Lula, que queriam a qualquer custo ver o ex-presidente em uma cadeia comum, onde cumprem pena presos como Suzane von Richthofen, assassina dos pais, e o casal Nardoni, pai e madrasta da menina Isabela Nardoni, condenados pela morte da criança. Decepcionou, também, os discípulos de Lula, que viram na decisão equivocada da juíza Carolina Lebbos, de Curitiba, a oportunidade de livrá-lo da prisão e apregoar sua inocência.
Não para em pé a alegação da Polícia Federal, citada pela juíza, de que não tem condições de manter Lula em Curitiba, porque sua permanência vem causando transtornos à instituição e à vizinhança. Está clara a motivação política da PF, hoje sob responsabilidade do ministro Sergio Moro, juiz que condenou Lula em primeira instância. Nos primeiros meses após a prisão, a área em torno da sede da PF ficou, de fato, conflagrada. Hoje, a aglomeração de simpatizantes diminuiu e Curitiba perdeu protagonismo com a saída de Moro e de outros presos libertados ou transferidos.
Os ministros também frustraram o governador de São Paulo, João Doria, que em bate-boca com a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) resolveu tirar uma casquinha e espezinhar o ex-presidente dizendo que em Tremembé Lula teria a oportunidade de “fazer algo que nunca fez na vida: trabalhar”.