Se tudo correr como o governo planeja, a proposta que acaba com a exigência de plebiscito para vender a CEEE, a Sulgás e a CRM será aprovada nesta terça-feira (23) com 40 votos favoráveis, 13 contrários e uma ausência, a da deputada Any Ortiz, que está em licença-maternidade. O 55º é o presidente da Assembleia, Luis Augusto Lara (PTB), aliado do governo, que só vota em caso de empate.
Any Ortiz até queria voltar à Assembleia para votar pelo fim da exigência de plebiscito, mas a procuradoria entendeu que ela não pode interromper a licença-maternidade, que é um direito do bebê. O voto de Any, embora simbolicamente fosse importante para mostrar coesão, não será necessário. Para aprovar a emenda são necessários 33 votos. A base do governo soma 40 deputados, mas, nesta proposta, poderá contar com os dois do Partido Novo, que votam a favor por convicção ideológica.
Nos bastidores, a única preocupação é com o deputado Gaúcho da Geral (PSD), porque a votação pode ocorrer no horário do jogo do Grêmio na Libertadores. Mas, como a partida será disputada no Paraguai, o deputado torcedor não tem por que se afastar do plenário.
Leite construiu essa maioria na base do diálogo, iniciado logo depois da eleição. Quando sagrou-se vitorioso nas urnas, os partidos que apoiavam o governador eleito somavam 19 deputados. Uma de suas primeiras providências foi visitar a direção de cada um. Aos que tinham afinidade ideológica, fez um convite direto para participar do governo. Aos de oposição (PT e PSOL), expressou o desejo de dialogar.
Ao PDT, Leite chegou a oferecer a Secretaria da Educação, mas os deputados recusaram porque sabiam que seria preciso defender as privatizações que sempre combateram. Aos dirigentes do MDB, Leite propôs que esquecessem as divergências eleitorais e integrassem seu governo. Hoje, até para manter a coerência com o que propôs o governo Sartori, os deputados do MDB estão entre os mais fiéis defensores do fim do plebiscito.
A última bancada a aderir ao governo foi a do PSL, no final de março, com a indicação do deputado Ruy Irigaray para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo.