As declarações do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que citou o governo do ditador Augusto Pinochet, no Chile, para justificar mudanças econômicas a longo prazo, provocaram reações de políticos daquele país.
O presidente da Câmara dos Deputados, Ivan Flores, afirmou que a fala de Onyx é "um desatino sem paralelo":
— A menção deste porta-voz do presidente Bolsonaro, um personagem importante do governo brasileiro, a um "banho de sangue" no Chile é uma afronta a todas as pessoas que perderam familiares, a todos que sofreram com as violações de direitos humanos.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, para mostrar que a reforma da Previdência é importante para o Brasil, Onyx citou a recente história do Chile:
— No período Pinochet, o Chile teve que dar um banho de sangue. Triste, o sangue lavou as ruas do Chile, mas as bases macroeconômicas fixadas naquele governo, já passaram oito governos de esquerda e nenhum mexeu nas bases colocadas no Chile no governo Pinochet.
– O Chile, para poder ser o que ele é hoje, com US$ 24 mil de renda per capita ao ano, um país que tem absoluta independência, prosperidade, educação de qualidade, tu anda livremente nas ruas sem nenhum medo à meia-noite, o que a gente não consegue fazer nas cidades brasileiras... Foram lançadas as bases que permitiram que esse país pudesse se consolidar. Provavelmente, a turma da esquerda se incomodou porque reconheci algum mérito no governo Pinochet – completou Onyx.
Durante almoço em homenagem ao presidente Iván Duque, da Colômbia, Ivan Flores acrescentou ainda que não acreditava "ter experimentado algo parecido" antes.
— As declarações não têm justificativa alguma e merecem a condenação mais enérgica. Não sei se ele tentou reforçar declarações antigas de Bolsonaro — comentou.
No mesmo evento, o presidente do Senado chileno, Jaime Quintana, classificou as declarações do ministro como "profundamente inamistosas".
— Não me lembro de declarações assim de um governo cujo mandatário pisou em solo chileno. Elas ofendem não só as vítimas das violações de direitos humanos, mas o país inteiro — disse Quintana.
Os dois chefes parlamentares disseram que recusariam qualquer convite para participar de um almoço em comemoração ao aniversário de Bolsonaro (que completou 64 anos nesta quinta-feira), durante a visita do presidente ao Chile, onde ele desembarcou há pouco.