Criada no governo de Tarso Genro, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) nunca contou com a simpatia dos adversários do PT. José Ivo Sartori chegou a pensar em extinguir a empresa, mas mudou de ideia. Na campanha, Eduardo Leite disse que não via sentido na existência da EGR. Dois meses e meio depois de assumir o Piratini, a opinião se cristalizou, mas o processo será mais demorado do que gostaria a ala mais liberal do governo. Antes de acabar de vez, a EGR será desidratada com a transferência para o setor privado de trechos que hoje estão sob sua responsabilidade.
A EGR não pode ser privatizada porque não tem ativos que possam interessar ao mercado. Teria se os 900 quilômetros de rodovias que administra fizessem parte de um contrato de longo prazo. O que o governo pretende fazer é repassar esses trechos para a iniciativa privada em blocos e, depois, extinguir a empresa.
Responsável pela coordenação das privatizações, concessões e parcerias, o secretário de Governança e Gestão Estratégica, Cláudio Gastal, confirma para a próxima semana a publicação dos editais para concessão da RSC-287 (Tabaí-Santa Maria) e da RS-324 (Casca-Passo Fundo). Hoje, a EGR explora a RSC-287 entre Tabaí e Paraíso do Sul, com duas praças de pedágio – uma em Venâncio Aires e outra em Candelária.
A insatisfação dos usuários da RSC-287 com o serviço da EGR é um dos motivos de estar entre as primeiras concessões do governo Leite. A estrada tem problemas de estrutura, que resultam em buracos e calombos, sem contar as más condições do acostamento. O pedágio, cobrado nos dois sentidos, custa R$ 7.
Ao oferecer esses dois trechos, o governo Leite vai testar o interesse das empresas para, na fase seguinte, ampliar a oferta. Como a concessão começará no entroncamento da BR-386 com a 287, a lógica indica que a CCR, concessionária da rodovia federal, é forte candidata a disputar o trecho Tabaí-Santa Maria. O edital deve trazer a previsão de duplicação ao longo da vigência do contrato.
Embora o governo mantenha em segredo as rodovias que devem entrar na próxima etapa, outros trechos hoje explorados pela EGR devem ser combinados com estradas sem pedágio, para tornar o pacote mais atrativo. É o caso da RS-122, que combinada com a RS-240 deve garantir, finalmente, uma ligação duplicada entre Caxias do Sul e Porto Alegre. O trecho de Serra (Caxias-São Vendelino) é de pista simples.
Em outra combinação devem entrar as duas estradas da EGR que ligam a Região Metropolitana a Gramado (RS-239 e RS-115), com possibilidade de incluir a RS-020 que, sozinha, não tem volume suficiente de tráfego para atrair uma concessionária.
Tão logo termine o processo de licitação dos primeiros trechos, o governo contratará uma consultoria para fazer o estudo de toda a malha que deve ser ofertada ao setor privado, definindo as obras necessárias em cada segmento (duplicações, terceiras faixas, pontes, viadutos e acessos).