Está decidido: o governador Eduardo Leite vai mesmo morar no trabalho. Leite decidiu ocupar um canto da ala residencial do Palácio Piratini para montar uma espécie de apartamento, a poucos passos do gabinete em que despacha hoje. O principal motivo é evitar os custos com segurança caso decidisse continuar vivendo no imóvel em que mora, no bairro Mont Serrat.
A pedido da coluna, a Casa Militar havia feito um estudo dos gastos com segurança se o governador continuasse morando em um apartamento ou mudasse para o Piratini. Os números pesam a favor da ocupação de parte da ala residencial como moradia.
Se tivesse de alugar um imóvel próximo ao apartamento de Leite para acomodar os seguranças que, por lei, precisam vigiá-lo em tempo integral, o gasto com a locação e com o pagamento dos brigadianos destacados para esse trabalho seria de R$ 1 milhão em quatro anos.
No Piratini, que já demanda a proteção da Brigada Militar 24 horas por dia, sete dias por semana, a economia seria de R$ 700 mil. Os R$ 300 mil adicionais em quatro anos se referem ao reforço da segurança.
Leite decidiu montar um apartamento na ala residencial, com móveis pagos do seu próprio bolso. Por isso, encomendou um orçamento e levou um susto com a primeira proposta: R$ 100 mil. Pediu um segundo, com móveis mais simples, e o preço baixou para quase metade.
Adepto da alimentação balanceada, o governador também pretende ter a própria despensa, com alimentos comprados por ele, sem onerar o Piratini, mas pelo menos uma vez por semana quer sair para almoçar, inclusive no restaurante a quilo que frequentava antes de ser eleito.
Solteiro e sem filhos, Leite quer um cantinho reservado para morar e receber a família, que vive em Pelotas, mas seguirá usando espaços como o Salão Azul, o dos Espelhos e o dos Banquetes para receber convidados e realizar cafés, almoços e jantares de trabalho, como fizeram seus antecessores.
O dormitório que foi de Getúlio Vargas será usado como quarto de hóspedes para receber a família.
Até a posse de Pedro Simon, em 1987, todos os governadores moraram no Piratini. Simon preferiu continuar em seu apartamento na Avenida Protásio Alves. Seu sucessor, Alceu Collares, escolheu viver no palácio. Antônio Britto transformou a ala residencial em espaço de trabalho e morou em uma casa na Rua Farnese, no bairro Bela Vista. Olívio Dutra pretendia continuar em seu apartamento na Avenida Assis Brasil, mas foi desaconselhado pela segurança. Olívio foi o último governador a residir no Piratini.
De lá para cá, a ala residencial voltou a ser espaço de trabalho, mas uma área íntima, onde está o quarto principal, foi preservada sem ocupação.