O anúncio da decisão será feito até o final do mês, mas é praticamente certo que o governador Eduardo Leite vai mesmo optar por viver no Palácio Piratini. Ou "morar no trabalho", como ele tem dito sempre que é questionado sobre a hipótese de viver em um prédio histórico, com mais jeito de museu do que de residência, e fama de mal-assombrado. Como não acredita em fantasmas que arrastam correntes nas madrugadas, Leite avalia a relação custo-benefício e inclui no cálculo o tempo que perde nos deslocamentos entre a residência e o trabalho.
A pedido da coluna, a Casa Militar fez um estudo dos gastos com segurança se o governador continuasse morando no apartamento em que vive hoje ou mudasse para o Piratini. Os números pesam a favor da ocupação de parte da ala residencial como moradia. Se tivesse de alugar um imóvel próximo ao apartamento do governador, para acomodar os seguranças que, por lei, precisam vigiá-lo em tempo integral, o gasto com a locação e com o pagamento dos brigadianos destacados para esse trabalho seria de R$ 1 milhão em quatro anos. No Piratini, que já demanda a proteção da Brigada Militar 24 horas por dia, sete dias por semana, a economia seria de R$ 700 mil. Os R$ 300 mil adicionais em quatro anos se refere ao reforço da segurança.
A ideia de Leite é montar um apartamento na ala residencial, com móveis pagos do seu próprio bolso. Adepto da alimentação balanceada, o governador também pretende ter a própria despensa, com alimentos comprados por ele, sem onerar o Piratini.
Nesta sexta-feira, uma arquiteta da confiança foi convidada a visitar a ala residencial para indicar a área mais adequada para montagem do "apartamento". A primeira opção é o antigo gabinete da primeira-dama — duas peças e um banheiro.
No tempo em que os governadores viviam no palácio, toda a ala residencial ficava reservada à família. Nos últimos anos, o que era moradia virou escritório, com o governador trabalhando mais no gabinete dos fundos, com vista para o jardim, do que no prédio em frente à Praça da Matriz.
Solteiro e sem filhos, Leite quer apenas um cantinho reservado para morar e receber a família, que vive em Pelotas, mas seguirá usando espaços como o Salão Azul, o dos Espelhos e o dos Banquetes para receber convidados e realizar cafés, almoços e jantares de trabalho, como fizeram seus antecessores.
Nestes primeiros dias, a rotina tem sido intensa. Leite começa a trabalhar por volta das 7h e só sai à noite. Às vezes, almoça no próprio Piratini, outras em restaurantes do Centro, como o Via Natural, a quilo, que frequentava antes de ser eleito.