Começou por Flávio Rocha (PRB) o processo de enxugamento das candidaturas de centro, na tentativa de garantir uma vaga no segundo turno. Há um mês, entrevistado por GaúchaZH, o empresário descartou a possibilidade de ser vice de qualquer outro concorrente:
– Não saí da cadeira confortável na minha empresa para ser coadjuvante. Volto a dizer, saí pela total ausência de ter em quem votar.
O que o PRB fará não está decidido, mas é improvável que venha a indicar o vice de Jair Bolsonaro (PSL). O próprio Rocha deixou isso claro na entrevista de junho:
– Não passa pela minha cabeça servir a ninguém, muito menos a Bolsonaro.
O ministro Ronaldo Fonseca, titular da Secretaria de Governo da Presidência da República, estava em visita ao Grupo RBS quando saiu a notícia da desistência de Rocha. Pastor da Assembleia de Deus, igreja que abriu as portas para o dono da Riachuelo, Fonseca não demonstrou surpresa.
A saída de Rocha da disputa era pedra cantada, visto que sua candidatura não decolou. Há um temor entre os líderes do centro de que a pulverização de candidaturas de perfil semelhante possa resultar em um segundo turno entre Bolsonaro e Fernando Haddad, considerado a opção mais provável do PT para substituir o ex-presidente Lula se a Justiça Eleitoral negar-lhe o registro.
Os próximos a saírem do jogo devem ser Rodrigo Maia (DEM), Guilherme Afif Domingos (PSD) e Paulo Rabello de Castro (PSC). Nesse cenário, restam poucas opções ao centrão. Ciro Gomes (PDT), que tenta catalisar esse sentimento de orfandade, é visto com desconfiança por setores dos mesmos partidos que simpatizam com sua candidatura, caso do DEM e do PP.
Geraldo Alckmin (PSDB), tido como opção confiável pela experiência como governador de São Paulo, sofre restrições por não ter conseguido decolar até agora e por ter o que um dos ministros de Temer chama de “bola de ferro atada ao calcanhar”, que é o fantasma do senador Aécio Neves.
O Planalto ainda não desistiu do ex-ministro Henrique Meirelles, a despeito de estar empacado em 1% nas pesquisas e de sua notória dificuldade de comunicação. A interpretação (otimista) é de que ele pode ser o outsider que o mercado deseja e que os eleitores desencantados com os políticos procuram. Logo depois de Rocha divulgar o vídeo anunciando a saída da disputa, o ministro Carlos Marun, da Secretaria-Geral, disse que o MDB gostaria de contar com o apoio do PRB e que o empresário “tem condições para participar de uma chapa”.
A favor de Meirelles pesa, nos cálculos do MDB, o fato de que usaria o próprio dinheiro para financiar a campanha e que, por ter sido ministro de Lula, seria poupado pelo PT na campanha. Isso significa que o MDB vai esperar as próximas pesquisas antes de jogar a toalha e agarrar-se a Alckmin, que está a um passo de obter o apoio do PSD, apesar da insistência de Afif em manter uma candidatura na qual nem os líderes do seu partido apostam um tostão furado.