N a corrida contra o tempo para aprovar o plebiscito sobre a privatização da CEEE, da CRM e da Sulgás, o governo de José Ivo Sartori está sendo atropelado pelas manobras protelatórias da oposição e até pelos que defendem um Estado mais enxuto. As chances de a consulta ser aprovada a tempo de sair em 7 de outubro são remotas, mas o líder do governo, Gabriel Souza, não perde a esperança:
– Temos até a sessão de 3 de julho para aprovar o plebiscito.
Nesta terça-feira (5), na reunião de líderes, Souza pedirá a inversão de pauta para colocar em votação o projeto que altera as datas para a realização da consulta antes da apreciação do veto a uma das emendas ao projeto de reestruturação do Instituto de Previdência do Estado.
Em outra frente, o Piratini tentará aprovar na reunião da Mesa Diretora o pedido para que a Assembleia aprove um projeto de decreto legislativo solicitando à Justiça Eleitoral a realização da consulta em 7 de outubro. Dos sete votos da Mesa, o governo tem quatro. Zilá Breitenbach (PSDB), que estava em dúvida, decidiu votar a favor, pressionada pelas federações empresariais que não perdoam seu voto a favor do aumento do ICMS.
A oposição (PDT, PT, PSOL e PC do B), que não quer o plebiscito, tentará protelar a votação para que o projeto não seja aprovado em tempo hábil. Defensor da privatização, o pré-candidato do PSDB ao Piratini, Eduardo Leite, é contra o plebiscito por temer que o debate seja contaminado pela disputa eleitoral e que a população vote “não” só por ser projeto de Sartori, o que deixaria o próximo governador “de mãos amarradas”:
– Fazer o plebiscito não é ganhar a pauta da privatização. É simplesmente entrar em campo. Sem preparo, vamos tomar uma goleada. E depois não tem repescagem.
Entre os pré-candidatos, o mais convicto defensor das privatizações em geral, e não apenas da CEEE, da CRM e da Sulgás, é Mateus Bandeira (Novo), que considera a posição de Leite “oportunista”.
Aliados de Sartori dizem que o medo do PSDB é de que o governador cresça com o plebiscito. Líderes tucanos atribuem a insistência do governo à tentativa de forçar a polarização com o PT que, em tese, seria um adversário mais fácil no segundo turno.