Vem aí mais uma eleição em que os candidatos a governador prometerão investir em saúde, segurança e educação, sem dizer o que consideram necessário fazer para tirar o Rio Grande do Sul da posição constrangedora que ocupa em rankings que medem o desempenho dos alunos. Antes que a campanha comece, vai aqui uma sugestão aos concorrentes de todos os partidos: estudem o caso do Ceará para entender por que os alunos de um Estado mais pobre do que Rio Grande do Sul consegue resultados semelhantes e, em alguns casos, até melhores do que os de São Paulo. Visitem a cidade de Sobral em busca de inspiração.
Convencido de que não há saída para um Estado fora do investimento em educação, com a adoção de práticas inovadoras, o economista Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda, coleciona dados sobre o desempenho de escolas e vem, há meses, alertando para a necessidade de prestar atenção no exemplo cearense. Aod ficou alarmado quando ouviu de um empresário com negócios no Ceará que quando um executivo é transferido do Rio Grande do Sul para o Estado nordestino as crianças precisam fazer aulas de reforço ou retroceder um ano para acompanhar os colegas.
No Ideb, o Ceará é o primeiro do Brasil no Ensino Fundamental e Médio. Das cem melhores escolas do país, 77 são cearenses, a maioria do Interior.
Um dos mais recentes indicadores da excelência do ensino no Ceará é o resultado da seleção do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o disputadíssimo ITA. Eram 11.135 candidatos concorrendo a 110 vagas. Pois o Ceará foi o Estado que mais emplacou alunos nessa seleção. Foram 45 aprovados de um total de 1.144 inscritos. São Paulo teve 3.637 inscritos e 44 aprovados. Depois vêm Rio de Janeiro com 11 e Distrito Federal com cinco. Com 244 inscritos, o Rio Grande do Sul teve apenas um aprovado.
O vestibular do ITA é um entre muitos exemplos. Nos cursos mais disputados das universidades federais, os estudantes gaúchos vêm perdendo terreno para os de outros Estados. Na Universidade Federal de Ciências da Saúde, que usa o Enem como critério de seleção, nos últimos anos mais da metade das vagas do curso de Medicina são ocupadas por alunos de outros Estados, especialmente de São Paulo.
Aliás
Duas explicações para os bons resultados do Ceará na educação: o investimento em escolas de tempo integral e a continuidade das políticas nas trocas de governo.