Decidido a deixar o comando interino do PSDB quando Aécio Neves (MG) voltou ao Senado por decisão judicial, Tasso Jereissati (CE) recebeu nesta quinta-feira a missão de continuar como presidente da legenda até a eleição de um sucessor. Um congresso deve ser convocado até o fim do ano para a escolha.
Tasso assumiu o posto em maio quando Aécio foi afastado do Congresso pelo ministro Edson Fachin um dia depois da divulgação de conversa entre o mineiro e Joesley Batista, dono da JBS. O interino se sentia desconfortável por um clima de indefinição dentro do PSDB.
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Entre quarta-feira e quinta-feira, os dois se encontraram com integrantes do partido para chegar a um consenso sobre a presidência. O cearense, então, recebeu o aval para cumprir a agenda proposta por filiados de todas as instâncias.
Segundo a deputada Yeda Crusius, desde o estouro da última crise ética no país, não houve debate sobre o futuro da legenda ou posicionamento em relação à denúncia contra o presidente Michel Temer.
– Estávamos vazios em discussão e decisão. A condução da votação pela liderança não havia sido posta. Foi uma surpresa para a bancada, governo e ministros a orientação do líder – explicou Yeda, que votou contra a indicação do PSDB, mas a favor de parecer assinado por um tucano.
– Tenho responsabilidade. Não vou jogar o Brasil numa aventura. Esse presidente foi eleito e deu apoio aos governo do PT, até romper. Ele está pagando o preço – concluiu.
Os próximos passos
A bancada do PSDB avalia que as concessões dadas pelo presidente Michel Temer à reforma da Previdência inviabilizam o apoio à proposta. Segundo Yeda, a partir da votação da denúncia na Câmara, a bandeira dos tucanos será pela aprovação da reforma tributária, a ser elaborada pelo governo.
Para ter o apoio dos deputados, o Ministério da Fazenda estuda deixar a Previdência para depois da aprovação da reforma tributária.
Aliás
O racha no PSDB fica evidente quando o líder da legenda na Câmara orientar rejeitar um relatório assinado por um tucano. Na CCJ, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) sugeria em seu parecer o engavetamento da denúncia contra Temer.