A derrota no Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a prisão de sua irmã, Andrea, é mais um tropeço do senador afastado Aécio Neves (PSDB). No próximo dia 20, a mesma Primeira Turma do STF, que manteve Andrea na cadeia por três votos a dois, analisará o pedido do procurador Rodrigo Janot para que Aécio seja preso, já que o relator, Edson Fachin, o afastou do mandato mas não impôs a restrição de liberdade. Nesse mesmo dia, será julgado o pedido de Aécio para retornar ao mandato de senador.
A demanda da irmã de Aécio foi julgada pela Primeira Turma e não pela segunda porque a defesa do senador pediu que ele fosse apartado da investigação da Lava-Jato. Não fosse essa separação, o habeas corpus de Andrea teria sido julgado pela mesma turma que libertou José Dirceu pelo placar de três votos a dois.
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Votaram pela liberação de Andrea os ministros Marco Aurélio Mello e Alexandre de Moraes. Andrea continuará presa graças aos votos dos ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux. Os argumentos usados pelos três magistrados em seus votos antecipam que o senador não terá vida fácil no STF.
Aécio tornou-se um zumbi da política: está impedido de exercer o mandato, mas mantém todos os benefícios de senador, porque o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), está se fazendo de morto, em um claro desrespeito à decisão judicial. Diante da cobrança, encaminhou nota ao Supremo garantindo que está cumprindo à risca a determinação de Fachin.
A proteção a Aécio na Comissão de Ética do Senado estaria entre as contrapartidas do PMDB à manutenção do PSDB no governo de Michel Temer, aprovada na segunda-feira. A outra, segundo informações de bastidores, seria o apoio do PMDB ao candidato tucano na eleição de 2018. Oficialmente, o PSDB ficou no governo por amor às reformas e para não aumentar a instabilidade.
Na reunião da cúpula do PSDB, da qual Aécio não participou, ele foi aplaudido quando o governador de Goiás, Marconi Perillo, saiu em sua defesa.
– Hoje, tentam transformar Aécio num vilão. Mas ele levantou a autoestima dos mineiros como governador. Não é por conta de uma cilada covarde de um delator que vamos deixar de reconhecer o que esses homens fizeram por Minas Gerais – disse Perillo.
Também preso, Frederico Pacheco, o primo de Aécio que recebeu os R$ 2 milhões de Joesley Batista, mandou devolver parte do dinheiro. A defesa de Frederico fez um depósito judicial de R$ 1,52 milhão em uma agência da Caixa Econômica Federal em Belo Horizonte. Na gravação da conversa em que combina a entrega do dinheiro com Joesley, Aécio cita o primo:
– Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho.